Título: Farc: Abin muda versão
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/03/2005, País, p. A6

Agência confirmou existência de documento

Folhapress

BRASÍLIA - O chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Armando Félix, disse ontem, em reunião com senadores, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria documento mostrando uma doação das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc) de US$ 5 milhões (cerca de R$ 14 milhões) ao então candidato petista à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva. No meio da semana, a Abin negou a existência do documento.

- A Abin veio aqui e mostrou que existe um documento (número 095, de abril de 2002) - disse o relator do caso na Comissão Mista de Controle das Atividades da Inteligência, senador Demóstenes Torres (PFL-GO).

Félix teria afirmado que o documento não teve credibilidade à época e foi considerado secreto para não provocar danos ao processo eleitoral. Por isso, a suposta ligação de Lula com as Farc não foi apurada.

Na saída, Félix confirmou a existência do documento.

- A Abin produziu (o documento). Não tem A, B ou C. A responsabilidade é toda da agência - argumentou.

Segundo ele, a agência vem investigando o tema - as Farc - desde a década de 90 e continua a apuração até hoje.

Mais tarde, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que Félix ficou indignado com a interpretação de seu depoimento informal. Mercadante solicitou que a audiência da comissão com Félix, hoje, seja aberta à imprensa, ''para que não haja manipulação de informações''.

- O único documento que havia e que o governo anterior não deu prosseguimento era um ''ouvimos falar'', ''uma suposta operação''. (...) Isso é uma irresponsabilidade completa.