Título: Risco Brasil bate recorde no ano
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/03/2005, Economia & Negócios, p. A18

Juro americano pode afastar investidor, aponta JP Morgan

Folhapress

O Brasil subiu no ranking da desconfiança do investidor estrangeiro, ultrapassando as Filipinas. Nesta semana, o risco Brasil já subiu quase 7%, atingindo 424 pontos, o nível mais alto do ano, e assume agora a quinta colocação no ranking do banco americano JP Morgan. No início do mês, o índice havia registrado 375 pontos, a menor desde outubro de 1997, quando chegou a 337 pontos.

Neste mês, bancos internacionais decidiram rebaixar os títulos da dívida externa brasileira, alegando que o risco de uma fuga de capitais cresceu bastante nos mercados emergentes, nos últimos dias. O motivo seria a possível elevação dos juros pagos pelos títulos do Tesouro dos EUA, o que poderia atrair esses investimentos.

Entre os emergentes, o maior risco ainda é o da Argentina (5.041 pontos), que decretou o fim da moratória da dívida no início deste mês e depois convocou boicote contra a multinacional Shell por reajustar os combustíveis. Em segundo lugar, aparece Nigéria (673), seguida pelo Equador (635) e Venezuela (438).

Com a alta de quase 1% de ontem, o Brasil se aproximou do patamar do quarto lugar (Venezuela). Além das Filipinas (400), Colômbia (370), Panamá (275) e Turquia (270) possuem risco menor que o do Brasil.

De 4% no início do ano, a taxa paga pelos papéis do Tesouro americano com vencimento em dez anos está no nível mais elevado desde julho de 2004 (acima de 4,50%). Para os economistas, essa taxa torna menos atraente a aplicação dos estrangeiros nos emergentes, principalmente no Brasil, que lidera esse mercado em volume de negócios.

Na crise de confiança em 2002, o risco Brasil chegou a 2.400 pontos. Isso reduziu a oferta de divisas no país e fez o dólar bater na cotação de R$ 4.

Para calcular o indicador, o JP Morgan utiliza as remunerações médias dos títulos da dívida externa dos países, comparando com as taxas pagas pelos papéis americanos, considerados como ''risco zero'' de calote.