Título: Pinochet tinha US$ 15 milhões
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/03/2005, Internacional, p. A9
Dinheiro estava guardado em 125 contas secretas
O ex-ditador chileno Augusto Pinochet e sua família esconderam pelo menos US$ 15 milhões em mais de 125 contas secretas em bancos, entre os quais o Citigroup. Muitas delas existem há 25 anos, revelou um relatório do Senado dos EUA.
Pinochet, de 89 anos, cujo governo matou e torturou milhares de chilenos, utilizou a rede de contas bancárias para transferir fundos de holdings offshore para contas pessoais nos EUA e para enviar dinheiro ao Chile, diz o texto.
Os investigadores americanos disseram que a utilização de bancos que operam nos EUA por parte do ex-ditador foi bem mais extensa do que anteriormente se tinha notícia. Além de 63 contas no Citigroup e de 28 no Riggs Bank, sediado em Washington, Pinochet e sua família mantinham contas em bancos estrangeiros que atuavam nos EUA, como o Banco de Chile e o Espírito Santo Bank de Miami, de Portugal, disse o relatório.
O relatório revela ainda que o Citigroup ajudou a família do ex-ditador a estabelecer duas holdings offshore e concedeu a seus parentes linhas de crédito em países como Argentina, Bahamas, Suíça, Chile e Grã-Bretanha. Ao todo, os empréstimos totalizaram mais de US$ 3 milhões, quantia que foi ressarcida ao banco, indicou o documento.
Em comunicado, o banco de Nova York esclareceu que ''as contas de Augusto Pinochet no Citibank, que ele abriu com documentos falsos e a utilização de pseudônimos, foram encerradas há quase uma década''.
O Citibank, que afirmou ter começado a fechar as contas que restavam em 1998, acrescentou ter desenvolvido ''alguns dos melhores processos de controle do setor bancário'' para combater a lavagem de dinheiro.
Os dados podem ajudar os investigadores a mover ações judiciais por evasão fiscal contra o general aposentado, disse Carmen Hertz, advogada da área de direitos humanos.
- Os ditadores não apenas matam seus oponentes - disse. - Eles sempre enriquecem ilegalmente e Pinochet não é uma exceção. (Bloomberg)