O Estado de São Paulo, n. 46852, 26/01/2022. Política, p.A11

 

 

Brasil regride e fica no 96º lugar em ranking global de corrupção

 

 

País cai duas posições em levantamento feito pela Transparência Internacional, que cita a prática do orçamento secreto


PEPITA ORTEGA


O Brasil caiu duas posições no ranking mundial da corrupção, de acordo com relatório divulgado ontem pela Transparência Internacional. Em 2021, o País ocupou a 96ª posição entre as 180 nações avaliadas no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) – em 2020, estava no 94º lugar. Pela metodologia do estudo, quanto melhor a posição no ranking, menos o país é considerado corrupto.

Segundo o ranking, o Brasil somou 38 pontos no IPC, o que o coloca abaixo da média global, que é de 43. A pontuação brasileira, a mesma obtida no ano anterior, é próxima à de países como Argentina, Indonésia, Lesoto, Sérvia e Turquia. A nota representa o terceiro pior resultado do Brasil nos últimos dez anos.

Com 88 pontos, Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia receberam as melhores notas do estudo, figurando no topo do índice. Já as piores pontuações foram atribuídas a Venezuela (14), Somália e Síria (13) e Sudão do Sul (11).

Além de divulgar o índice de corrupção, a Transparência Internacional publicou ainda um relatório chamado Retrospectiva Brasil 2021. No texto, a organização analisa acontecimentos que, segundo ela, tiveram impacto no sistema anticorrupção brasileiro no ano passado. De acordo com a entidade, "retrocessos no arcabouço legal e institucional anticorrupção" tornaram "ainda mais preocupante" a situação do Brasil.

EMENDAS. Nesse contexto, a organização citou as "investidas antidemocráticas" do presidente Jair Bolsonaro e apontou "graves interferências" em instituições como a Polícia Federal e a Procuradoria-geral da República. No relatório, a Transparência Internacional vê "gravidade" no esquema do orçamento secreto, prática do governo revelada pelo Estadão – o Planalto direciona recursos aos parlamentares por meio das emendas de relator em troca de apoio em votações de seu interesse.

"O Brasil está passando por uma rápida deterioração do ambiente democrático e desmanche sem precedentes de sua capacidade de enfrentamento da corrupção", afirmou Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional – Brasil. •