Título: União vai à Justiça para evitar mais problemas
Autor: Florença Mazza e Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 17/03/2005, Rio, p. A13

O Ministério da Saúde entrou ontem com três ações na 11ª Vara de Justiça Federal para tentar evitar novos problemas na rede municipal de Saúde. Uma delas exige o pagamento imediato dos 593 médicos residentes que trabalham em 18 unidades. Segundo Diogo Sampaio, presidente da Associação dos Médicos Residentes, o prefeito Cesar Maia recebe a verba do ministério para pagar os médicos até o 15º dia do mês, o que ainda não ocorreu em março. - É mais um artifício do prefeito para desestimular os residentes que estão ajudando a reverter a crise na saúde do Rio - declarou Diogo.

Cesar Maia alegou, porém, que o pagamento dos residentes atrasou porque o sistema de informações caiu. E disse que o ministério está fazendo ''uma besteira seguida da outra''.

- No Rio já se chama o (ministro) Humberto Costa de General Galtieri. Fez a intervenção nas Ilhas Malvinas e saiu corrido pela porta dos fundos - ironizou o prefeito.

Das outras duas ações do ministério, uma exige o pagamento dos profissionais de 102 postos de saúde do município e a outra tenta impedir que Cesar Maia devolva, em até 72 horas, 2.549 servidores que atuam em quatro unidades municipais.

No início da semana, o prefeito também transferiu, por meio de um ato publicado no Diário Oficial, assistentes sociais da rede de saúde para a Secretaria Municipal de Assistência Social. Segundo a presidente do sindicato. Margareth Dallaruvera, pelo menos 12 funcionários foram retirados dos hospitais Paulino Wernek, Andaraí, Souza Aguiar e Miguel Couto - os três últimos sob a intervenção há uma semana. Cesar Maia alega que só três ou quatro funcionários foram transferidos por necessidade de serviço junto à população de rua.

Margareth entregou ontem um levantamento dos assistentes transferidos ao departamento jurídico do ministério. O objetivo é tentar impedir a transferência.

- É uma retaliação ao ministério, mas vai atrasar todo o atendimento na rede - disse.

Cerca de 300 assistentes sociais trabalham para o município. Eles autorizam, entre outras, a alta dos pacientes. Sérgio Côrtes disse que se confirmada a transferência, o ministério tomará as atitudes necessárias.