O Estado de São Paulo, n. 46854, 28/01/2022. Política, p.A11

 

 

 

Cerco ao Telegram no Brasil é ‘covardia’, diz Bolsonaro a apoiadores

 

 

 

Aplicativo russo pode ser banido no País por não colaborar com a Justiça Eleitoral no combate à desinformação

EDUARDO GAYER

Bolsonaro em Brasília; aplicativo não tem representação no País

 

O presidente Jair Bolsonaro criticou a possibilidade de a Justiça Eleitoral suspender o funcionamento do Telegram no Brasil. O bloqueio do aplicativo russo de troca de mensagens, apontado por autoridades como um campo aberto para a disseminação de desinformação eleitoral neste ano, deve ser discutido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos próximos meses. “É covardia o que estão tentando fazer com o Brasil”, afirmou o presidente a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

A Justiça avalia um possível processo de suspensão do Telegram no Brasil por falta de colaboração no combate a informações falsas. A plataforma, que não tem representação no País, vem ignorando os contatos das autoridades. Integrantes do Ministério Público Federal de São Paulo, que conduzem um inquérito civil público sobre desinformação e mentiras veiculadas em redes sociais, disseram ao Estadão que a plataforma pode ser alvo de medidas judiciais de curto prazo e, em último caso, suspensão temporária no País.

Enquanto o seu principal concorrente, o WhatsApp, firmou uma parceria com o TSE para desenvolver um canal para usuários denunciarem a disseminação de mensagens em massa, representantes do Telegram, criado pelo russo Pavel Durov, nem responderam aos e-mails do presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso.

BANIDOS. No caso do Telegram, não há restrição para o encaminhamento de mensagens como existe no WhatsApp, e o limite de participantes por grupo é de 200 mil pessoas. Esse é um dos motivos que causam preocupação neste ano eleitoral.

Com regras de funcionamento menos rígidas, o aplicativo russo tem atraído extremistas banidos de redes como Facebook, Twitter e YouTube. É por meio do Telegram, por exemplo, que o blogueiro foragido Allan dos Santos continua promovendo ataques a instituições após ter contas excluídas de outras plataformas.

Bolsonaro, que costuma convidar apoiadores a o acompanhem no Telegram, não é o único pré-candidato ao Palácio do Planalto a usar o aplicativo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem cerca de 46 mil seguidores no aplicativo. O canal de Ciro Gomes (PDT) tem 19 mil. •