Título: Crime em tribunal mobiliza o país
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/03/2005, Internacional, p. A9

Acusado de estupro tomou arma de policial em audiência em Atlanta, matou um juiz e mais três pessoas e depois fugiu

ATLANTA - Em uma cena digna de cinema, o preso Brian Nichols estava a caminho da sala de audiência no tribunal de Atlanta, ontem pela manhã, para ser julgado por estupro, detenção ilegal e posse de drogas quando tomou a arma do xerife que o escoltava e começou a atirar. O juiz do caso e outras duas funcionárias morreram. Uma quarta pessoa foi baleada na cabeça e está em estado grave. Depois dos disparos, Nichols conseguiu fugir. A fotografia e as características físicas foram distribuídas pelos meios de comunicação de todo o país, que converteram o tiroteio na notícia mais destacada do dia nos Estados Unidos.

O juiz Rowland Barnes, de 64 anos, e a estenógrafa, Julie Brandau tiveram morte imediata. O assassino, 33 anos, roubou um carro para utilizar em sua fuga. Antes, acertou um segurança da Justiça que tentou interceptá-lo na esquina do prédio, morrendo no hospital.

- Ouvimos três ou quatro tiros e quando olhamos, vimos um rapaz correndo e atravessando a rua, em direção ao estacionamento - contou à CNN Vickie Warner, que trabalha no prédio.

Buscas pelo suspeito foram organizadas por todo o estado de Georgia e pelos estados vizinhos Alabama, Tennessee, Carolina do Norte e Carolina do Sul. O xerife do condado de Fulton, onde aconteceu o crime, alertou que Nichols é considerado uma ameaça.

Sinalizações nas estradas de Atlanta avisam os motoristas para procurar por um veículo de cor verde da marca Honda Accord, que estaria sendo dirigido pelo fugitivo.

- Percebi um barulho mas na hora, pensamos que fosse o motor de um carro - disse Chuck Cole, um procurador da Defesa Civil que estava em um estacionamento próximo quando ouviu os tiros, por volta das 9h10.

Autoridades afirmaram que o assassino depois tentou roubar três veículos em um estacionamento próximo a corte até conseguir fugir. Outra testemunha afirmou que o suspeito tomou o seu veículo de reboque.

- Ele me disse para sair do caminhão e eu respondi que poderia ficar com o veículo e fui embora - disse o motorista, Deronte Franklin .

A polícia acredita que o Honda foi o último dos carros que Nichols roubou. James Bailey, um dos jurados do caso, disse que o comportamento do acusado na sala de audiência, instalada no oitavo andar do edifício, o deixava nervoso e que outros também ficavam incomodados.

- O tempo todo ele erguia os olhos e encarava as pessoas - afirmou.

Todos os outros juízes que trabalham no prédio da corte de Fulton ficaram fechados em suas salas, como medida de segurança. A polícia isolou o prédio e as ruas da região. Agentes locais, federais e estaduais estão investigando a cena do crime. Várias escolas nas proximidades de Atlanta ficaram fechadas enquanto a perseguição era organizada.

O juiz assassinado Rowland Barnes foi nomeado para a Corte Superior do Condado de Fulton em 1998, mas há 10 anos atuava na cidade. No mês passado, ganhou visibilidade por ordenar que uma mãe de sete crianças, que confessou ter matado a filha de 5 anos, passasse por um tratamento médico que a impedisse de engravidar novamente.

O crime aconteceu cerca de duas semanas depois que o marido e a mãe de uma juíza federal foram assassinados em Chicago. E chamou a atenção de juízes e da população para a necessidade de maior segurança em tribunais.