Correio Braziliense, n. 21185, 26/05/2021. Política, p. 3

 

Renan cita Tribunal de Nuremberg

26/05/2021

 

 

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), negou, por meio das redes sociais, que tenha comparado a pandemia ao holocausto nazista durante reunião do colegiado. "Nunca houve comparação entre a pandemia e o holocausto. O holocausto é incomparável! Mas é comparável, sim, assustadoramente comparável, a atitude de negação dos oficiais nazistas e de algumas autoridades que depuseram na CPI", escreveu no Twitter.

Ontem, Calheiros abriu os trabalhos da comissão traçando um paralelo entre as responsabilidades do colegiado e a do Tribunal de Nuremberg, julgamento organizado pelos Aliados após a Segunda Guerra Mundial e que condenou membros de liderança nazista.

"Estamos aqui participando de um colegiado com características jurídicas, mas também com natureza política e até policial. Nosso maior desafio, nosso principal dever e missão é fazer um julgamento justo, equilibrado e o mais técnico possível", discursou Calheiros mais cedo. "Faço questão de trazer à memória de todos talvez o julgamento mais conhecido de todos os tempos, o Tribunal de Nuremberg. (...) Foi ali que o mundo procurou encontrar respostas para um crime até hoje inconcebível: o genocídio de 6 milhões de judeus nos campos de concentração do regime nazista", continuou, na sessão que ouviu a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro.

No discurso, Calheiros salientou que, apesar do paralelo, a CPI não é um tribunal de guerra nem de exceção, mas, sim, uma instituição da democracia. A comparação irritou os senadores governistas que interromperam o relator, entre eles o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
As falas de Calheiros receberam o repúdio da Confederação Israelita do Brasil (Conib). A entidade disse "repudiar mais uma vez comparações completamente indevidas do momento atual, agora feitas na CPI da Covid, com os trágicos episódios do nazismo que culminaram no extermínio de 6 milhões de judeus no Holocausto".