Título: O problema das vans
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 12/03/2005, Brasília / Opinião, p. D2

Avisou o governador Joaquim Roriz, lá de Washington, que o novo sistema de trânsito a ser financiado pelo Banco Mundial e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento precisará prever um espaço para as 1,5 mil vans que hoje atuam no transporte do Distrito Federal. Elas deverão ser aproveitadas nesse sistema. O governador qualificou de ''justas'' as reivindicações feitas pelas cinco empresas de ônibus que operam no DF. No entanto, não admite prejudicar a vida de 1,5 mil famílias que dependem das vans para viver. Em outras palavras, elas deverão permanecer, ainda que vendo redefinido seu papel.

De acordo com o Governo do Distrito Federal, isso será feito. As vans passarão a ser utilizadas como linhas de apoio, abastecendo de passageiros os ônibus convencionais nos corredores de transporte. Deverão deixar, portanto, a competição predadora que existe hoje, com ônibus e vans disputando passageiros e, prin cipalmente, o espaço das ruas e das paradas. É esse o principal motivo de se estar transformando o trânsito da Capital em um verdadeiro inferno.

Seria ingenuidade afirmar que os operadores das vans não têm culpa. Há poucas semanas uma alta funcionária do Governo Roriz, a administradora regional do Lago Sul, denunciou um motorista de van que conduzia seu veículo com imperícia assassina e promoveu a sua autuação. Estava certa ela e errada as autoridades - especialmente as do trânsito - que fecham os olhos para os absurdos cometidos pelos motoristas.

No entanto, o problema não se resume a má condução ou à temeridade dos motoristas. Localiza-se antes na indefinição a respeito do papel a ser desempenhado pelas vans no trânsito do Distrito Federal. Nesse sentido, é bastante positiva idéia de se limitar seu alcance, com as vans assumindo o papel de atender as áreas de menor fluxo - como os condomínios - e de abastecer as linhas regulares de ônibus. Desde, claro, que executada para valer, sem paternalismos.