Título: Professor faz greve branca
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 12/03/2005, Brasília, p. D5

Vai à escola, assina o ponto e não dá aula

Para o governo, apenas 5% dos 21 mil professores aderiram à greve. O sindicato da categoria garante que 65% estão parados. A diferença entre os números pode ser explicada pela tática que os professores vêm utilizando para escpar das sanções - corte de ponto, redução de salário, entre outras - à disposição da Secretaria de Educação para quem cruzar os braços. A maioria vai à escola, assina o ponto e não ministra qualquer aula. É a chamada ''greve branca''.

No Centro de Ensino Gisno, Asa Norte, o quadro é de cerca de 50 professores e só seis declaram-se em greve. Mas todas as salas de aulas da escola estavam vazias ontem. Nos corredores, alguns professores passeavam, mas não quiseram falar sobre o assunto.

Os alunos da escola explicaram que, no primeiro dia da greve, foram chamados ao auditório da escola e os professores pediram o apoio deles à ''greve branca''. Para conseguir a aceitação dos alunos, os professores disseram que seria melhor para eles, pois não teriam que freqüentar aulas agora e a reposição depois.

- Nós não somos a favor, nem contra a greve. Queremos o que for melhor para a educação. Se a greve trouxer benefícios aos professores e eles retomarem as aulas mais motivados, os alunos apóiam o movimento. Mas não queremos ser induzidos a pensar como eles e nem a participar da greve - disse Lana Carolina Afonso, aluna do 3º ano do ensino médio.

O diretor de imprensa do Sinpro, Antônio Lisboa, admite que está havendo uma ''greve branca'' e afirma que isso acontece porque a situação financeira dos professores está complicada e eles não querem ter o ponto cortado.

- As pessoas dizem para a diretoria do Sinpro que estão de greve e nós contabilizamos o número de grevistas a partir disso. Mas como assinam o ponto, o GDF entende que eles não estão em greve. Está sendo assim porque ninguém quer ficar sem salário - afirma Lisboa.

O porta-voz do governo, Paulo Fona, disse que o GDF ficou sabendo da ''greve branca'' ontem. Segundo ele, a Secretaria de Educação tem meios de identificar quais professores não estão dando aulas.

- Esses professores também terão os dias descontados no salário - avisou o porta -voz.

A greve continua até a próxima terça-feira, quando haverá nova assembléia, às 9h, no estádio Mané Garrincha, para votar os rumos do movimento.