Título: Traficante entrega seus fornecedores
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 12/03/2005, Brasília, p. D5

Preso passara em concurso para policial

Estudante de Direito em uma faculdade particular, recém-aprovado no concurso da Polícia Civil, Paulo Roberto Borges do Nascimento, 25 anos, encontrou no comércio da maconha a forma de custear sua vida. Há dois meses vinha sendo investigado pela Polícia Federal. Ontem à noite, foi preso por agentes da PF com dois quilos da droga em seu apartamento, no Sudoeste, e indiciado por tráfico. Detido, ainda delatou os traficantes que lhe forneciam a maconha. A Lei 10.409/02 prevê que, se o indiciado cooperar com a Justiça, pode ter a pena reduzida entre um sexto e dois terços do previsto. Paulo valeu-se do direito e fez um acordo com o Ministério Público Federal: entregou os traficantes José Ricardo de Alcântara, 25, e Cléverson Macedo Silva, 30, além do endereço da boca de fumo que mantinham na QNN 4, Conjunto A, Casa 45, Ceilândia Norte. A Polícia Federal também já investigava Cléverson e a conexão com Paulo.

Na parte da casa em que vivia Cléverson - a casa tinha dois ambientes independentes -, os policiais encontraram apenas R$ 400. José Ricardo, que vivia na outra parte da residência, foi reconhecido por um dos agentes, que participara de campanas nos arredores - e os agentes decidiram vasculhar o outro ambiente. Lá encontraram, dinheiro, um carregador de pistola calibre .380, a arma e munições.

- Havia um forte cheiro de maconha no ar e resquícios da droga em uma sacola. O dinheiro era o fruto da venda da maconha - explica o titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, Felipe Seixas.

Na casa, os policiais encontraram automóveis, motos e eletro-eletrônicos. Entre eles, um sistema interno de vigilância. Segundo a polícia, Paulo Roberto também tinha uma vida de confortos. Possuía um Fiat Brava novo e custeava a faculdade com o dinheiro que conseguia com a maconha. Se assumisse o cargo de agente da Polícia Civil, teria salário de R$ 4.300.