Título: UnB pede 300 professores e fica com 69
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 12/03/2005, Brasília, p. D8

Decano avisa que permanecem as contratações temporárias e os baixos salários, o que acaba comprometendo a qualidade

O Ministério da Educação autorizou a abertura de concursos para preencher 2.365 vagas de professores em instituições federais de ensino superior. As universidades antigas ficaram com 2 mil vagas, enquanto as 365 restantes foram destinadas aos novos campi e unidades de ensino descentralizadas de todo o País. A Universidade de Brasília (UnB) ficou com apenas 69 vagas, das 300 que tinha reivindicado ao MEC. De acordo com a assessoria do Ministério, a distribuição foi feita em parceria com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. O processo segue a matriz de distribuição criada em 1999, que privilegia as instituições com maior número de alunos na graduação, maior número de formandos e maior produção científica.

Dentro desses critérios, a Universidade de Brasília obteve número de vagas pequeno se comparado aos de outras instituições federais. As que mais receberam vagas foram, como era de se esperar, as maiores do País: 119 para a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 98 para a de Minas Gerais (UFMG) e 90 para a do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O decano de graduação da UnB, Ivan Camargo, disse que embora as vagas autorizadas pelo MEC tenham ficado muito aquém do reivindicado, o número representa uma conquista diante do quadro caótico enfrentado pela universidade. O decano declarou, ainda, que o resultado foi bem mais satisfatório do que o do ano passado, quando a UnB conseguiu apenas 33 vagas. Segundo Camargo, esse número não foi sequer capaz de repor os cerca de 40 professores aposentados em 2004:

- É uma quantidade significativa de vagas, mas ainda pequena diante dos nossos sonhos. A UnB vai fazer o melhor uso possível delas, distribuindo-as de forma equilibrada entre os departamentos. Vamos nos virar da mesma forma que a gente vem fazendo, com contratações temporárias e baixos salários, o que acaba comprometendo a qualidade do nosso trabalho. É assim que a gente tem atuado e vamos continuar atuando, infelizmente - afirmou o decano.

De acordo com Ivan, a UnB conta hoje com 300 professores temporários em seu quadro. Ele observa também que o número total de 1300 docentes concursados se manteve fixo desde 1994, já que os que entram acabam apenas compensando os que deixam a universidade. Com o acréscimo nas vagas desse ano, a tendência é que o equilíbrio seja desfeito.

O MEC anunciou, ainda, a intenção de abrir mais cerca de 2 mil vagas no segundo semestre. As negociações com o Ministério do Planejamento devem começar em outubro. A meta é autorizar a abertura de 4.500 vagas em 2005 e outras 2 mil em 2006.