Decreto determina, ainda, que escritórios e órgãos públicos transfiram para o home office todas as atividades que podem ser feitas a distância. Parques deverão permanecer fechados, enquanto os serviços de drive-thru poderão funcionar somente entre 5 e 20 horas

 

Renata Cafardo

Priscila Mengue

 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou que todo o Estado estará em “fase emergencial” entre a próxima segunda-feira e 30 de março. A nova classificação prevê restrições a 14 atividades, afetando cerca de 4 milhões de trabalhadores formais diariamente. Entre as medidas está a suspensão do funcionamento presencial de lojas de construção, da realização de celebrações religiosas coletivas e das atividades esportivas, o que inclui partidas de futebol.

“Os templos e as igrejas continuam recebendo os seus fiéis, mas de forma individual”, destacou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência. O decreto vai determinar, ainda, que escritórios, órgãos públicos e similares transfiram para o home office todas as atividades que podem ser feitas a distância. Parques deverão permanecer fechados e praias só estarão liberadas para atividades individuais, enquanto os serviços de drive-thru só funcionarão entre 5 e 20 horas. “As pessoas devem ficar em casa. E as empresas, as instituições e os órgãos públicos precisam se organizar para que isso seja possível.”

Além disso, o governo instituiu um toque de recolher entre 20 e 5 horas, com a promoção de blitze de orientação a motoristas. Não há previsão de multas para pedestres que circularem na rua, com exceção daqueles que não utilizarem máscaras ou promoverem aglomerações. “Não devemos circular nesse horário, a não ser que haja uma necessidade absoluta”, afirmou Menezes. Para outros setores, foi recomendado o escalonamentos do horário das atividades, para reduzir aglomerações no transporte coletivo. A indicação é de que os trabalhadores da indústria entrem das 5 às 7 horas, enquanto os de serviços das 7 às 9 horas e, por fim, os do comércio das 9 às 11 horas.

Doria destacou que o funcionamento do Metrô e da CPTM não terá alterações. “Recomendamos que os municípios não reduzam a oferta de ônibus. O que precisamos é reduzir o número de pessoas utilizando.” Segundo a secretária estadual de Desenvolvimento Regional, Patricia Ellen, as novas restrições a atividades econômicas foram feitas com base em um mapeamento de setores que atraem grande público. A recomendação é de que as empresas migrem “o que for possível” para o teletrabalho.

Na educação, a rede estadual antecipou os recessos de abril e outubro para este mês, entre 15 e 28 de março, período em que as escolas estarão abertas exclusivamente para oferecer alimentação e distribuir materiais e chips (mediante agendamento prévio). As escolas municipais e privadas terão autonomia para definir o funcionamento, desde que respeitem as regras do Plano São Paulo (como a limitação de 35%). “Nós recomendamos para todos os municípios e redes privadas, atividades sejam realizadas aquilo que seja realmente necessário. Se puder fazer a distância, faça a distância”, destacou o secretário da Educação, Rossieli Soares.

Paulo Menezes calcula que cerca de 40 vidas por dia serão salvas com a medida. O objetivo é atingir um índice de isolamento superior a 50%. Na quarta-feira, estava em 42%. Ele destacou que as restrições são importantes para permitir um retorno das demais atividades com o avanço da vacinação. “Para daqui a dois ou três meses retomar as medidas e liberar um pouco a economia.” Ele destacou que a queda nos números levará tempo. “É possível que, até o Natal, nós tenhamos de tomar bastante cuidado.”

Já o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, destacou que as redes pública e privada de saúde enfrentam uma piora acelerada. "Os nossos hospitais, vários deles, já estão comprometidos, chegando a 100% da sua ocupação. Estamos, portanto, no limite”, alertou. O número de internados em UTI hoje no Estado é 47% maior do que na primeira onda, em 2020.

João Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência, reforçou o cenário preocupante que São Paulo vive. “Se isso (o plano emergencial) não for cumprido nos próximos 15 dias, nós não vamos conseguir acompanhar a velocidade da pandemia, colocando mais leitos. Se não conseguirmos implementar essas medidas e não conseguirmos aumentar o isolamento social, muita gente vai morrer.”

 

Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro criticou ontem duramente as restrições impostas por governadores para tentar conter o avanço da covid-19 no País, que classificou como “irresponsabilidades”, durante participação virtual em reunião no Senado. “Até quando? Até quando nossa economia vai resistir? Se colapsar, vai ser uma desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar? Será tarde para o sapo sair da panela”, disse

Segundo ele, enquanto o governo federal combate o desemprego, prefeitos e governadores estão “destruindo” a economia. / COLABORARAM DANIEL WETERMAN e LORENNA RODRIGUES

 

 

Sob pressão, SP amplia fechamento do comércio, veta cultos e restringe escolas

 

 

Decreto determina, ainda, que escritórios e órgãos públicos transfiram para o home office todas as atividades que podem ser feitas a distância. Parques deverão permanecer fechados, enquanto os serviços de drive-thru poderão funcionar somente entre 5 e 20 horas

 

Renata Cafardo

Priscila Mengue

 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou que todo o Estado estará em “fase emergencial” entre a próxima segunda-feira e 30 de março. A nova classificação prevê restrições a 14 atividades, afetando cerca de 4 milhões de trabalhadores formais diariamente. Entre as medidas está a suspensão do funcionamento presencial de lojas de construção, da realização de celebrações religiosas coletivas e das atividades esportivas, o que inclui partidas de futebol.

“Os templos e as igrejas continuam recebendo os seus fiéis, mas de forma individual”, destacou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência. O decreto vai determinar, ainda, que escritórios, órgãos públicos e similares transfiram para o home office todas as atividades que podem ser feitas a distância. Parques deverão permanecer fechados e praias só estarão liberadas para atividades individuais, enquanto os serviços de drive-thru só funcionarão entre 5 e 20 horas. “As pessoas devem ficar em casa. E as empresas, as instituições e os órgãos públicos precisam se organizar para que isso seja possível.”

Além disso, o governo instituiu um toque de recolher entre 20 e 5 horas, com a promoção de blitze de orientação a motoristas. Não há previsão de multas para pedestres que circularem na rua, com exceção daqueles que não utilizarem máscaras ou promoverem aglomerações. “Não devemos circular nesse horário, a não ser que haja uma necessidade absoluta”, afirmou Menezes. Para outros setores, foi recomendado o escalonamentos do horário das atividades, para reduzir aglomerações no transporte coletivo. A indicação é de que os trabalhadores da indústria entrem das 5 às 7 horas, enquanto os de serviços das 7 às 9 horas e, por fim, os do comércio das 9 às 11 horas.

Doria destacou que o funcionamento do Metrô e da CPTM não terá alterações. “Recomendamos que os municípios não reduzam a oferta de ônibus. O que precisamos é reduzir o número de pessoas utilizando.” Segundo a secretária estadual de Desenvolvimento Regional, Patricia Ellen, as novas restrições a atividades econômicas foram feitas com base em um mapeamento de setores que atraem grande público. A recomendação é de que as empresas migrem “o que for possível” para o teletrabalho.

Na educação, a rede estadual antecipou os recessos de abril e outubro para este mês, entre 15 e 28 de março, período em que as escolas estarão abertas exclusivamente para oferecer alimentação e distribuir materiais e chips (mediante agendamento prévio). As escolas municipais e privadas terão autonomia para definir o funcionamento, desde que respeitem as regras do Plano São Paulo (como a limitação de 35%). “Nós recomendamos para todos os municípios e redes privadas, atividades sejam realizadas aquilo que seja realmente necessário. Se puder fazer a distância, faça a distância”, destacou o secretário da Educação, Rossieli Soares.

Paulo Menezes calcula que cerca de 40 vidas por dia serão salvas com a medida. O objetivo é atingir um índice de isolamento superior a 50%. Na quarta-feira, estava em 42%. Ele destacou que as restrições são importantes para permitir um retorno das demais atividades com o avanço da vacinação. “Para daqui a dois ou três meses retomar as medidas e liberar um pouco a economia.” Ele destacou que a queda nos números levará tempo. “É possível que, até o Natal, nós tenhamos de tomar bastante cuidado.”

Já o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, destacou que as redes pública e privada de saúde enfrentam uma piora acelerada. "Os nossos hospitais, vários deles, já estão comprometidos, chegando a 100% da sua ocupação. Estamos, portanto, no limite”, alertou. O número de internados em UTI hoje no Estado é 47% maior do que na primeira onda, em 2020.

João Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência, reforçou o cenário preocupante que São Paulo vive. “Se isso (o plano emergencial) não for cumprido nos próximos 15 dias, nós não vamos conseguir acompanhar a velocidade da pandemia, colocando mais leitos. Se não conseguirmos implementar essas medidas e não conseguirmos aumentar o isolamento social, muita gente vai morrer.”

 

Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro criticou ontem duramente as restrições impostas por governadores para tentar conter o avanço da covid-19 no País, que classificou como “irresponsabilidades”, durante participação virtual em reunião no Senado. “Até quando? Até quando nossa economia vai resistir? Se colapsar, vai ser uma desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar? Será tarde para o sapo sair da panela”, disse

Segundo ele, enquanto o governo federal combate o desemprego, prefeitos e governadores estão “destruindo” a economia. / COLABORARAM DANIEL WETERMAN e LORENNA RODRIGUES