Título: Hospital de campanha começa a funcionar hoje na Barra
Autor: Ana Paula Verly
Fonte: Jornal do Brasil, 21/03/2005, Rio, p. A13

Parte da ''operação de guerra'' montada pelo governo federal para acabar com a crise na saúde no Rio, o primeiro hospital de campanha das Forças Armadas começa a funcionar hoje, às 8h, na sede campestre do Clube da Aeronáutica, na Barra da Tijuca. De segunda a sexta-feira, até 400 pessoas vão receber atendimento ambulatorial por dia nas tendas, armadas na Avenida das Américas. - Vamos prestar atendimento ambulatorial básico, semelhante ao de um posto de saúde, para suprir a demanda reprimida da região - explicou o coordenador da unidade, major Gilberto do Amaral. - Trata-se de um hospital tático-móvel, projetado para o apoio de tropa em cenário de combate - completou.

A mesma estrutura montada no Rio já foi utilizada no socorro de vítimas do terremoto do México e em El Salvador. Ela também tem sido aproveitada em treinamentos e em operações militares na Amazônia, onde o atendimento é estendido à população local.

- Temos uma estrutura totalmente independente, com refrigerador, gerador de energia, antena, purificador e dessalinizador de água - listou o major Ernandes Jordão, responsável pelo ambulatório de ginecologia.

O atendimento será das 8h às 16h30, com distribuição de senhas no Cebolão - Avenida das Américas, ao lado do terminal da Alvorada, na Barra. De lá, os pacientes embarcarão em um ônibus até o hospital de campanha. Uma ambulância do Corpo de Bombeiros dará apoio ao transporte, que poderá contar ainda com um dos 74 veículos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O hospital de campanha conta com centro cirúrgico, enfermaria com seis leitos, laboratório, raios-x e ultra-som. Em seis módulos separados, funcionarão os ambulatórios de ginecologia, clínica médica, ortopedia, pediatria e odontologia, além da farmácia e do serviço de triagem.

- Embora tenhamos estrutura para atender pacientes em estado grave e emergência, não é esse o objetivo. Nesses casos, os pacientes receberão o atendimento mas entraremos em contato com a central do SUS (Sistema Único de Saúde) para encaminhá-los a outro hospital - explicou o major Gilberto.

Os mesmo procedimento será adotado para pacientes que necessitem de tratamento posterior.

- Um patologista dará o laudo dos exames em 30 minutos. Se algo sério for diagnosticado, o paciente deixa o local sabendo onde encontrar o serviço adequado - disse o major Jordão, informando que câncer de cólo de útero e de mama são algumas das doenças que poderão ser diagnosticadas no local.

Ao todo, 40 profissionais de saúde - dos quais 18 médicos - e 45 de apoio estarão envolvidos no trabalho.

- Nosso foco é a medicina preventiva. Vamos dar orientações sobre saneamento, nutrição e comportamento sexual - lembrou o major Jordão, acrescentando que alguns medicamentos básicos serão fornecidos e que cirurgias de pequena complexidade poderão ser realizadas.

Para abrigar os profissionais, foram montados outros 13 módulos, com refeitório, cozinha e banheiro.