Título: Lula propõe coligação com PMDB para 2006
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/03/2005, País, p. A2
Presidente estaria disposto a oferecer vaga de vice-presidente ao partido de Temer
Folhapress
BRASÍLIA - Às vésperas de uma reforma ministerial que deverá aumentar o espaço do PMDB no governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem uma coligação para sua candidatura à reeleição, ano que vem. Lula estaria disposto a oferecer a vaga de vice ao partido.
O presidente reuniu-se com o presidente do PMDB, Michel Temer, e o chefe da Casa Civil, José Dirceu, encarregado de montar o projeto político da reeleição. O convite para o encontro partiu do Planalto. Temer saiu do encontro convencido de que Lula, apesar de não ter dito explicitamente, está disposto a oferecer a vaga de vice para os peemedebistas.
- Não faria sentido o PMDB, pelo seu tamanho e capilaridade reconhecidos pelo presidente, não ter a vaga - afirmou Temer.
O peemedebista ressalvou que há uma ''dificuldade'' no momento para tratar do tema:
- Existe uma decisão da convenção nacional de ter candidatura própria a presidente. Para que seja alterada a decisão, precisaria haver uma nova convenção.
Em 2001, o PMDB também aprovou candidato próprio, para mudar de idéia alguns meses depois e embarcar na candidatura de José Serra (PSDB).
Dirceu, que aos poucos recupera o poder de articulador político, e o presidente do PT, José Genoino, foram designados por Lula interlocutores junto ao PMDB na costura.
Nos últimos meses, o Planalto assistiu passivamente ao crescimento da ala oposicionista do PMDB, que conseguiu aprovar em convenção o desligamento do governo. A convenção foi contestada judicialmente e, por isso, os ministros da cota partidária, Amir Lando (Previdência) e Eunício Oliveira (Comunicações), permaneceram onde estavam.
Paralelamente, o secretário de Governo do Rio, Anthony Garotinho, opositor do Planalto, sonha em ser o candidato do PMDB à Presidência no ano que vem.
O Planalto tenta reagir. Quer agora ampliar de dois para três o número de ministros do partido e selar uma parceria em 2006 que envolva a aliança para a reeleição de Lula e o apoio de petistas a candidatos do PMDB no maior número possível de estados. A tarefa não será fácil, porque muitos petistas não abrem mão de candidatura própria.
Ontem, segundo Temer, Lula manifestou preocupação com as dificuldades no Congresso. Citou as recentes derrotas na votação da emenda paralela da reforma da Previdência.