Título: Triste Dia Mundial da Água
Autor: Paulo Giovanni*
Fonte: Jornal do Brasil, 22/03/2005, Economia & Negócios, p. A18

Hoje é comemorado o Dia Mundial da Água. Mas, infelizmente, não há muito o que festejar. Mesmo a abundância de chuvas, principalmente no verão, não será capaz de esconder uma triste realidade: a falta de água que enfrentaremos num futuro próximo, principalmente se não houver a conscientização da população de que a água é um recurso limitado. O consumo desenfreado e a poluição das águas só agrava a situação. E esse é um problema mundial. A iminente escassez afeta principalmente os países pobres. A degradação ambiental aprofunda a falta de água potável, que se converteu em uma das maiores ameaças para o desenvolvimento. Alguns números ilustram mais do que qualquer explicação.

A cada 24 segundos nascem 100 crianças em todo o mundo, 20 delas não vão ter acesso a água limpa. O consumo de água per capta se duplica a cada 20 anos, uma taxa duas vezes maior do que a do crescimento da população. Outros dados confirmam o problema: em 2025 haverá sobre a Terra 2,6 bilhões de pessoas a mais do que o número atual, que é de aproximadamente 5,5 bilhões.

Se os habitantes do planeta não encontrarem soluções, ou se não fizerem o uso racional da água, dois terços da população viverá em condições de relativa escassez e o terço restante arcará com falta absoluta de água. O assunto já é alarmante. Mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso a água potável. Uma crise que ameaça o desenvolvimento econômico, o meio ambiente e a segurança.

A maior parte da água do planeta, que cobre 72% de sua superfície, está nos oceanos. Para ser utilizada pelo homem tem de passar por um processo de dessalinização que por enquanto é caríssimo. Apenas 3% da água na Terra é doce e serve para o homem sobreviver. Essas reservas se encontram em formas de grandes massas de gelo e neve, lagos, rios e camadas do subsolo e no vapor da atmosfera.

Além de sede, a falta de água traz doenças. Mais de 5 milhões de pessoas morrem por ano devido a enfermidades relacionadas à falta de saneamento. Os órgãos internacionais tentam se adiantar em relação à possível catástrofe. Os nossos recursos hídricos ocupam um lugar importante dentro dos oito objetivos de desenvolvimento apresentados pela ONU na Reunião de Cúpula do Milênio.

Embora não seja novo, o problema da escassez de água no mundo só agora começa a ser incorporado na agenda das maiorias como a verdadeira ameaça dos anos vindouros. Mas o que precisa ficar claro é que medidas simples podem minimizar essa triste situação.

As pessoas consomem sem ter a consciência de como utilizar, de forma correta, um recurso que é fundamental à vida. Investimentos em infra-estrutura estão sendo feitos, mas levam um certo tempo, e uma das formas de combater o problema imediatamente é por meio de campanhas de conscientização.

Realizadas em períodos críticos, tais campanhas têm efeito emergencial imediato ¿ com a redução do desperdício ¿, mas também de longo prazo: educam a população para o uso racional da água, recurso que cada vez mais tem se mostrado como finito no mundo todo.

* Presidente da Giovanni, FCB