Correio Braziliense, n. 21218, 28/06/2021. Política, p. 2

Miranda relata perseguição
28/06/2021



O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou, ontem, que o Ministério da Saúde bloqueou o acesso de seu irmão, Luis Ricardo Miranda, ao sistema da pasta. O servidor é funcionário de carreira do ministério. Os dois denunciaram irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo.

"Aos defensores de bandidos, meu irmão acaba de descobrir que bloquearam ele do sistema", escreveu o deputado no Twitter. "Vale ressaltar que ele é funcionário de carreira! Isso é ilegal, perseguição e só comprova que eles têm muito para esconder..." A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre o suposto bloqueio do servidor, mas não havia resposta até o fechamento desta edição.

Nos últimos dias, Miranda já vinha acusando o governo de perseguição em razão das denúncias. No sábado, ele disse que sofreu retaliação do próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Citou o fato de Lira ter anunciado, enquanto ele dava depoimento à CPI da Covid, na sexta-feira, os nomes dos deputados Luiz Carlos Motta (PL-SP) e Celso Sabino (PSDB-PA) como relatores dos dois textos que compõem a reforma tributária. De acordo com Miranda, a relatoria da proposta estava prometida a ele.

Também no sábado, o parlamentar reclamou que ele e o irmão seguiam "sem proteção nenhuma", apesar das ameaças feitas por simpatizantes do governo em redes sociais após as denúncias.

Miranda já deu indicações de que pode existir uma gravação que comprova que o presidente Jair Bolsonaro foi informado sobre o suposto esquema no Ministério da Saúde. Segundo ele, se o chefe do Planalto desmenti-lo, terá uma "surpresa mágica".

À comissão, os irmãos disseram ter avisado a Bolsonaro, há três meses, sobre as suspeitas e sobre uma "pressão atípica" para acelerar a importação da vacina. O presidente teria citado o deputado federal Ricardo Barros (Progressistas-PR), líder do governo na Câmara, como o parlamentar que queria fazer "rolo" no ministério.