Correio Braziliense, n. 21219, 29/06/2021. Política, p. 3

Prorrogação da CPI por mais 90 dias
29/06/2021



Com a abertura de uma nova frente de investigação, os senadores estão convencidos de que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 precisará de um prazo extra para entregar o relatório. Por isso, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu ontem a prorrogação por mais 90 dias. Para que seja aprovado, o requerimento precisa de 27 assinaturas, número mínimo que foi coletado horas após o anúncio do pedido.

Por mais que o requerimento garanta mais 90 dias de trabalho, a ideia dos parlamentares é encerrar a CPI sem usar dois terços desse acréscimo. A comissão iniciou em 27 de abril, com previsão de término em 7 de agosto. Na prática, a aprovação da prorrogação possibilita que a comissão se estenda até novembro. O período extra a ser utilizado ainda não é unânime dentro do G7, grupo de sete senadores de oposição ou independentes ao governo que integram o colegiado, formado por 11 parlamentares titulares e sete suplentes.

Eleições de 2022

Entre os governistas, existe o receio de que mais três meses resultem em desgaste maior ao Planalto, com a CPI encerrando os trabalhos já mais próximo ao início do processo eleitoral de 2022. Senadores de oposição e independentes, por sua vez, temem que uma CPI prorrogada por mais 90 dias possa tenha uma atuação menos intensa, e ir "esfriando" até o final.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente na comissão, já defendeu que CPI devesse ser prorrogada por mais 15 dias, apenas para dar tempo ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), elaborar o relatório e, em seguida, o colegiado votar. Tanto para o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD/AM), quanto para Randolfe Rodrigues, a necessidade de extensão do prazo é iminente. "Isso é mais do que necessário, sobretudo após depoimento dos irmãos Miranda, que dá conta da existência de um enorme, gigantesco e tenebroso esquema de corrupção existente no Ministério da Saúde", declarou o vice-presidente da CPI.

Segundo Rodrigues pontuou no requerimento para adiar a CPI, a comissão já possui provas que "têm comprovado omissões e ações deliberadas em torno de uma falsa imunidade de rebanho, com a promoção de tratamentos ineficazes e boicotes às medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras, distanciamento social e álcool em gel".

Ele disse, ainda, que "o boicote às vacinas foi um capítulo à parte". Ressaltou, também, que "em paralelo, a CPI tem desvendado esquemas de corrupção e de favorecimento de determinadas empresas com recursos destinados ao combate à pandemia da covid-19. Os servidores sofreram pressões não republicanas para flexibilizar a importação da Covaxin".