Correio Braziliense, n. 21220, 30/06/2021. Política, p. 4

As outras batalhas da CPI
Luiz Calcagno
Bruna Lima
Sarah Teófilo
30/06/2021



O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), alfinetou o trabalho dos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 ao afirmar que o trabalho no Senado está mais lento por conta do esforço do colegiado. Lira teceu comentários sobre a prorrogação da comissão até novembro próximo na tarde desta terça-feira (29/6). Os trabalhos têm duração de 90 dias, podendo, se necessário, se prolongar por mais 90 dias.

“A decisão de adiar ou não é dos senadores. O que (a CPI) tem demonstrado até agora é que o Senado está tendo uma produção menor”, disse o deputado. Em seguida, Lira amenizou. “Mas é normal. É do processo democrático. A Câmara continuará trabalhando normalmente”, afirmou o parlamentar.

Sobre a acusação de prevaricação contra Jair Bolsonaro, que soube da denúncia em março, mas não agiu para deter a compra dos imunizantes a preços além do praticado, Lira disse que somente a Procuradoria-Geral da República poderá se manifestar. “Se a CPI decidiu judicializar a denúncia contra o presidente, ela sai da esfera política e vai para as (esferas) técnica e judicial. É esperar agora as informações que vão para a PGR; e esperar o posicionamento do procurador e acatar o que o ele decidir”, disse.

Prorrogação

No Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) decidiu conter a pressão pela prorrogação, por mais três meses, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O presidente da Casa avalia consultar os líderes de partidos para decidir sobre o adiamento do fim da CPI. “Essa análise (sobre o pedido de prorrogação) deve ser feita ao final do prazo de 90 dias da Comissão Parlamentar de Inquérito. E, por certo, será feita nessa ocasião", disse Pacheco, durante a sessão plenária. Até ontem, o pedido tinha 34 das 27 assinaturas necessárias pela prorrogação”.

Senadores que defendem a continuidade da comissão não descartam um novo apelo para que o Supremo Tribunal Federal (STF) obrigue o Senado a prorrogar a CPI, caso Pacheco cause dificuldades. Na segunda-feira, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou um requerimento solicitando que os trabalhos da CPI continuem por três meses. Se não houver recesso, cenário mais provável, a comissão acaba em 26 de julho.

Os senadores votam hoje uma lista de requerimentos com foco em avançar nas investigações de supostos esquemas de corrupção envolvendo compra de vacinas. Na mira está o deputado federal e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP/PR).