Título: Caso Calazans: gravação é autêntica
Autor: Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 23/03/2005, País, p. A6

O terceiro laudo sobre a gravação que incriminaria o deputado Alessandro Calazans - acusado de quebra de decoro parlamentar por envolvimento no pedido de propina na CPI da Loterj/Rio Previdência - aguardado por quase um mês na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, atesta a autenticidade da gravação. O exame diz ainda que não houve edição ou truncamento na fita. Além disso, afirma que a voz da gravação é mesmo a do deputado Calazans que presidiu a CPI na Alerj.

- O parecer é de altíssima qualidade e vai surpreender os que criticavam o instituto. Ele atesta a autenticidade e a ausência de edições na gravação - explicou o relator do caso, deputado Noel de Carvalho (PMDB). O documento foi entregue ontem pelo perito da Secretaria de Segurança Pública da Bahia Cesar Braid.

Num encontro ontem na Câmara de Comércio Americana, o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, indicou que provavelmente votará pela cassação do parlamentar:

- Criei uma comissão especial para que investigassem o caso. A comissão decidiu que havia quebra de decoro. Encaminhei à corregedoria, que também decidiu que havia quebra de decoro. Na Mesa Diretora, dei meu parecer no entendimento de que houve quebra de decoro. Então, é evidente que vou esperar as conclusões da CCJ, mas os elementos que eu tenho são aqueles disponíveis até a discussão na Mesa Diretora.

O resultado da perícia resolve o imbróglio entre as duas perícias anteriores. Na primeira, pedida em novembro pela Alerj, o perito Ricardo Molina atestou a autenticidade e ausência de edições na fita. Na segunda, apresentada pela defesa de Calazans, em dezembro, a fonoaudióloga Maria do Carmo Gargaglione, afirmou haver ''truncamentos'', que poderiam indicar edição.

Na gravação, Calazans, que à época presidia a CPI da Loterj/ RioPrevidência, comentaria - com um emissário do empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira - a venda de votos na Alerj para abrandar a situação de Cachoeira na CPI.

Está marcada para hoje ao meio-dia uma reunião para entregar aos membros da Comissão de Constituição e Justiça, responsável pelo caso, uma cópia do laudo, de cerca de 40 páginas. O próximo passo será ouvir o perito Cesar Braid, que se ofereceu para comparecer na Casa.

Segundo Noel, a data mais provável é a próxima terça-feira, mesma data inicialmente prevista para a defesa do deputado Alesandro Calazans. Mas, o deputado pediu para ver o laudo antes e seu depoimento pode ser mais uma vez adiado.

Somente depois da defesa, o relator entregará à Mesa Diretora seu parecer. Aí, será a vez de ser feita a votação em plenário.