Título: Cerveja para russo produzir e beber
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/03/2005, Economia & Negócios, p. A20

Brahma vira marca mundial da InBev e passará a ser fabricada na Rússia e na Bélgica ainda este ano

Folhapress

A Brahma passará a ser produzida na Rússia e na Bélgica. A InBev, resultado da fusão da belga Interbrew com a AmBev, quer usar a tradicional cerveja brasileira para vender o ''estilo apaixonado e despreocupado das praias brasileiras'' e concorrer com as mexicanas Corona e Sol. Na Rússia, a marca será fabricada em embalagens de 330 ml e de 500 ml para abastecer o país e a Ucrânia, enquanto na Bélgica serão produzidas apenas unidades de 330 ml para o mercado europeu. Nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido serão vendidas garrafas de 355 ml da cerveja feita no Brasil.

A diferença, no entanto, não será apenas no tamanho das embalagens. A Brahma fabricada fora do país será um pouco mais leve, com um sabor ligeiramente diferente.

De acordo com a empresa, a diferença acontece devido à nova fórmula, para que a bebida tenha prazo de validade maior que o normal, já que terá que ser transportada até os pontos de consumo em 23 países.

Em abril, a Brahma chega à Europa, partindo em seguida para a América do Norte. Além dos países latino-americanos, a Brahma chegará a Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Rússia, Ucrânia, França, Espanha, Malta, Chipre, Itália, Espanha, Bélgica, Portugal, Luxemburgo e Holanda.

A decisão faz parte da estratégia da InBev de transformar a Brahma em sua terceira marca mundial de cerveja, junto com a Stella Artois e a Beck's.

A Brahma feita lá fora também terá preço diferente, bem mais salgado. Se no Brasil a Brahma compete com Antarctica, Skol e Nova Schin, no exterior a briga será com as premium, com preços até 40% acima da média do mercado.

A garrafa long neck de 330 ml deve ser comercializada na Europa com valor entre 3 e 4 euros - de R$ 10,77 a R$ 14,36 considerando a cotação do euro em torno de R$ 3,59.

Para promover a marca, a InBev adotou a ''ginga'' do brasileiro como foco do lançamento mundial da Brahma. Apesar da anunciada tentativa de fugir de estereótipos, a maior parte do material publicitário segue a lógica praia-sol-alegria.

Há várias imagens do vídeo apresentado em Nova York, ao som de À procura da batida perfeita, do cantor Marcelo D2, mostrando as praias do Rio de Janeiro, uma ou outra viela de favela, o Cristo Redentor e até, de relance, a modelo ícone nacional Gisele Bündchen.

A InBev quer vender a Brahma como representação de um estilo para seu consumidor-alvo - urbano, moderno, viajante e ocupado -, que pode ser sintetizado na palavra ginga. O presidente da empresa nos EUA, Simon Thorpe, disse que o termo será usado nas campanhas, feitas em português mesmo. Na apresentação, a palavra foi traduzida como ''ter estilo sem fazer esforço''.

Para analistas, o lançamento representa o primeiro sinal visível de cooperação entre a Interbrew e a AmBev, que anunciaram a fusão de seus negócios no ano passado, criando a segunda maior cervejaria do mundo em faturamento e a maior em volume de vendas.

- O lançamento global alavanca nossa força e alcance como maior cervejaria do mundo e mostra nosso objetivo de sermos também a melhor do mundo - afirmou o executivo-chefe da InBev, John Brock.