Título: Vale aumenta produção de Carajás
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 23/03/2005, Economia & Negócios, p. A21
Empresa investirá, ainda, US$ 21 milhões para exportar grãos pelo Porto de Sepetiba a partir de outubro
A forte demanda internacional por minério de ferro levou a Companhia vale do Rio Doce (CVRD) a aprovar na última segunda-feira o projeto de aumento da produção da mina de Carajás para 100 milhões de toneladas a partir de 2007. A expansão, prevista anteriormente para 2010, exigirá desembolso de US$ 500 milhões, incluindo gastos também com logística.
O anúncio foi feito ontem pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, que acredita em procura aquecida por minério de ferro ao menos até o final de 2006.
- O equilíbrio entre oferta e demanda só deve começar a acontecer a partir do final de 2006 - estimou o executivo. Ele ressaltou que a antecipação do projeto em Carajás, com capacidade atual de 70 milhões de toneladas, está previsto no plano estratégico da companhia.
Ainda no rol de novos investimentos, Agnelli adiantou que a empresa recebeu ontem autorização do governo do Rio para erguer um terminal de grãos no Porto de Sepetiba. O silo terá capacidade para dois milhões de toneladas/ano, com investimentos de US$ 21 milhões.
A Vale já opera terminais de grãos nos portos de Ponta da Madeira (MA), Inácio Barbosa (SE) e Tubarão (ES). O modal de transporte até o novo silo ainda não está definido, mas deverá ser feito por meio da ferrovia MRS. As obras começam mês que vem, com previsão de conclusão para outubro.
Na área de logística, o presidente da Vale do Rio Doce voltou a ressaltar a importância de investimentos urgentes no setor. Conforme antecipou o Jornal do Brasil, a empresa já não pode atender pedidos imediatos de entrega.
- Só temos condições de atender aos clientes que já contrataram os nossos serviços. Se alguém pede uma entrega para o mês que vem, por exemplo, não terei como atender - diz.
Além dos memorandos de entendimento para instalação de siderúrgicas em parcerias com a chinesa Baosteel, a coreana Posco e a alemã ThyssenKrupp, Agnelli adiantou que a Vale está em conversações com a italiana Riva para construção de uma unidade no Espírito Santo. Para o empreendimento deslanchar , no entanto, Agnelli diz que seria imprescindível o uso do gás natural da região.
- Com o gás natural poderia ser construída, por exemplo, um unidade de produção de ferro esponja (produto de maior valor agregado) - acrescenta ele.
Em relação a projetos no exterior, Roger Agnelli disse que a Vale tem interesse em participar de licitações no Peru, onde recentemente ganhou a corrida pela jazida de fosfato Bayóvar.
- O potencial da América Latina ainda é pouco conhecido. Para a Vale faz todo o sentido operar na região - acrescentou.
Ainda no exterior, a Vale negocia a exploração de uma reserva de carvão metalúrgico na Austrália. A empresa ainda não decidiu se entra no negócio com uma joint venture ou se terá participação majoritária.
Agnelli detalhou o acordo com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para a compra preferencial do excedente de produção da mina de Casa de Pedra. Segundo ele, em troca do direito prioritário de compra do minério que não é utilizado pela siderúrgica, a Vale tem de oferecer participação acionária à CSN caso faça investimentos em siderurgia em que seja majoritária. A contrapartida, para Agnelli, fica prejudicada.
- A Vale não quer ser um player de siderurgia. O que queremos é apenas atrair investimentos para setor no país - ressaltou Agnelli.