Título: União vence mais uma briga
Autor: Gustavo de Almeida
Fonte: Jornal do Brasil, 23/03/2005, Rio, p. A14

Justiça Federal autoriza instalação de hospital de campanha dentro do Campo de Santana, contrariando vontade de Cesar Maia

O juiz Silvio Wanderley do Nascimento Lima, da 11ª Vara de Justiça Federal do Rio de Janeiro, deferiu o pedido de liminar feito segunda-feira pelo Ministério da Saúde e deu autorização para que a União instale o novo hospital de campanha da Marinha dentro do Campo de Santana, na Praça da República, Centro do Rio. A equipe que cuida da intervenção federal no sistema municipal de saúde do Rio de Janeiro terá que fazer hoje um inventário de todos os bens que constam no patrimônio do parque, inclusive fauna e flora, para fins de comparação com o estado do parque após a saída do hospital de campanha. - Nada será destruído no patrimônio público. O local foi escolhido pela Marinha, que tem organização suficiente para preservar o espaço - diz o consultor jurídico do Ministério da Saúde, Adilson Bezerra, que criticou o fato de o prefeito Cesar Maia não autorizar o uso do parque:

- Não estávamos entendendo qual era o problema, até porque, ao que parece, já houve shows diversos no local. Acreditamos que o prefeito se mostrou insensível aos apelos da população.

O hospital do Campo de Santana tem previsão para entrar em funcionamento ainda esta semana, e terá capacidade máxima para 600 atendimentos por dia, além de pequenas cirurgias, para diminuir as filas do Hospital Souza Aguiar, em frente ao parque.

Além deste, mais dois hospitais de campanha serão montados nas próximas duas semanas. O próximo já estará funcionando sexta-feira, num local próximo ao Hospital Souza Aguiar. Em quinze dias, o maior deles será montado na Zona Oeste, na região da Vila Militar, em Deodoro. A promessa é do coordenador da intervenção federal, Sérgio Côrtes.

Ex-funcionária do Souza Aguiar, a dona-de-casa Estelita Maria Ferro, 56 anos, passou a noite de segunda para terça-feira na fila do hospital esperando atendimento. Com fortes dores nos rins por causa de uma infecção urinária, Estelita diz que pacientes mais graves são atendidos primeiro, por isso a longa espera.

- Cheguei dez horas da noite de ontem. Dormi neste banco e estou esperando até agora (13h) - reclamava.

Atrás dela, Maria Aparecida Alves esperava desde às 6h um dos dois médicos que atendiam no pronto-socorro. Sem poder caminhar por causa das pernas inchadas, ela procurou o Souza Aguiar porque só conseguiu marcar uma consulta no posto de saúde de São João de Meriti, onde mora, para junho.

Sérgio Côrtes informou que o hospital de campanha de Marechal Deodoro levará duas semanas para ficar pronto porque é o maior de todos, com capacidade para realizar cirurgias, inclusive. Ainda segundo o coordenador, a região é estratégica para escoar os atendimentos da Zona Norte. A proximidade com o Hospital da Vila Militar facilitará a transferência de pacientes que precisarem de internação.

Com Mariana Filgueiras