Título: PF ganha tecnologia para luta antidroga
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 28/03/2005, País, p. A6
Os traficantes estão adicionando à cocaína pó de vidro de lâmpadas fluorescentes, herbicidas e até xilocaína, um anestésico local. Todos esses componentes foram encontrados em amostras analisadas nos laboratórios do Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal. Hoje, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, inaugura a nova sede do INC em Brasília, que reúne tecnologias de ponta para o combate ao crime de tráfico. A composição de qualquer droga poderá ser detectada em quatro minutos.
Segundo o doutor em química e perito da PF Adriano Maldaner, o pó de vidro de lâmpadas fluorescentes é acrescentado à droga para fazer mais volume na pasta-base de cocaína. O vidro moído, quando consumido com cocaína, fica alojado nos pulmões e pode provocar vários problemas de saúde, entre eles a silicose, que predispõe o organismo a doenças como tuberculose e câncer.
Os pesticidas foram encontrados nos novos aparelhos do INC, importados de vários países. Para Maldaner, podem ser venenos utilizados para erradicar os cultivos de coca. Já a xilocaína, segundo o perito, estaria sendo acrescentada à cocaína para criar o efeito de anestesia que a droga proporciona nas narinas. Entre outras substâncias que a PF encontrou na cocaína estão solução de bateria, cimento, cal virgem e carbonato, utilizadas para o refino.
Os laboratórios que serão inaugurados hoje em Brasília vão representar a principal tecnologia disponível na América do Sul e permitir perícias quase instantâneas. Na lista, estão um cromatógrafo que pode fazer uma análise sobre drogas em apenas quatro minutos. Tem ainda um equipamento de absorção atômica que pode medir, em minutos, por exemplo, a contaminação da água por produtos químicos. Expectômetros eletrônicos que podem medir a adulteração de gasolina em minutos. São os mesmos equipamentos utilizados pela polícia federal americana, o FBI.
O INC ganhou ainda moderníssimos laboratórios de genética forense (DNA), balística, geoprocessamento, geofísica, crimes contra a fauna e flora, perícia de gemas, engenharia, química, informática, documentoscopia, audiovisual e perícias contábeis e econômicas.
A perita Alessandra Lisita vai usar as imagens de satélite para identificar queimadas, desmatamento, grilagem e ocupação de terras indígenas.
- O geoprocessamento permite chegar a áreas inacessíveis, principalmente na Amazônia, com custo mais barato - diz Alessandra.
A equipe de peritos da PF identificou um golpe contra a extinta Sudam com base em imagens de satélites. O empreendedor não investiu o dinheiro no projeto florestal previsto no contrato e parte do plantio prometido foi feito fora da área determinada pela Sudam. As imagens de satélite também foram utilizadas para incriminar vários grileiros de terras no Distrito Federal.