Título: Para evitar dor, Terri recebe morfina
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Fonte: Jornal do Brasil, 28/03/2005, Internacional, p. A8

Advogada diz que paciente chorou ao ser abraçada pela mãe

PINELLAS PARK, EUA - Os médicos que cuidam da americana Terri Schiavo, de 41 anos e em estado vegetativo há 15, passaram a ministrar doses de morfina na paciente, para evitar dores. Os pais dela, Bob e Mary Schindler, desistiram de entrar com novo recurso judicial para salvar a filha, que não recebe alimentação desde o dia 18 por determinação da Justiça americana.

Segundo pessoas próximas à família, Terri já tem muitas dificuldades para respirar. A medicação está sendo ministrada para diminuir as dores que a paciente possa eventualmente sentir em decorrência da morte, apesar de especialistas terem previsto que o estado em que se encontra não permite que sinta tal desconforto. A expectativa é de que Terri sobreviva sem alimentação por até mais uma semana.

Barbara Weller, advogada dos Schindler, afirmou que a mulher ''chorou'' ao ser abraçada pela mãe no sábado e que ela ''sabe o que está acontecendo''. De acordo com os médicos, qualquer reação da paciente é involuntária.

Há 15 anos, o cérebro da Terri sofreu graves danos após uma parada cardíaca, provavelmente causada por deficiência de potássio. Desde então, ela se encontra no que os médicos chamam de estado vegetativo persistente.

Ontem, manifestantes que se opõem à sua morte desafiaram a polícia, bloqueando a entrada do centro médico onde ela está internada, no estado da Flórida. Cerca de dez pessoas, em cadeiras de rodas, se colocaram diante do hospital. Os parentes da paciente chegaram a pedir que os manifestantes fossem para a casa, mas centenas continuavam concentrados nas ruas. Três pessoas foram presas ao, novamente, tentar levar água a Terri.

Na noite de sábado, os pais de Terri apelaram novamente à Suprema Corte da Flórida que, pela terceira vez, se negou a intervir no caso. Pouco antes, a Corte Estadual de Pinellas havia negado a reinserção do tubo de alimentação na paciente.

Nessa última apelação, os pais argumentaram que a filha ''expressou'' o desejo de viver. ''Ela chegou a articular o som de duas vogais'', dizia o documento. Duas testemunhas teriam presenciado a ''fala'' de Terri: sua irmã, Suzanne Vitadamo, e seu tio.

A batalha judicial entre os pais de Terri e seu marido, Michael Schiavo, que afirma que a mulher pediu reiteradas vezes que sua vida não fosse mantida artificialmente, já dura sete anos.