Correio Braziliense, n. 21240, 20/07/2021. Política, p. 3

Presidente cético sobre voto impresso
20/07/2021



O presidente Jair Bolsonaro admitiu ceticismo sobre a aprovação, na Câmara, da proposta do voto impresso para as próximas eleições. "Eu não acredito mais que passe. A gente faz o possível, mas vamos ver como é que fica", afirmou a apoiadores.

Na sexta-feira, sessão da comissão especial da Casa, que analisaria relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR), foi encerrada antes da apreciação da matéria, a fim de evitar que o texto pudesse ser derrotado. Onze partidos se articularam para derrubar a proposta. O relator alegou que precisaria de mais tempo para fazer alterações em seu parecer e pediu para que fosse retirado da pauta do dia. A sessão acabou adiada para agosto, após recesso parlamentar.

A implementação do voto impresso vem sendo defendida por Bolsonaro com mais fervor conforme as pesquisas de opinião mostravam aumento das intenções de voto para o ex-presidente e provável concorrente em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Crises
A defesa da pauta criou crises entre os Poderes, depois que Bolsonaro reforçou abertamente críticas a magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial, ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e opositor da medida.

Uma reunião para contornar o mal-estar entre Executivo e Judiciário foi convocada para a semana passada com os chefes dos Poderes. O encontro acabou não acontecendo por causa de internação às pressas de Bolsonaro para tratar de obstrução intestinal.

Ontem, o chefe do Planalto reforçou que está ficando "sem paciência", entretanto, aos pedidos de uma apoiadora para que não desanime, repetiu que é "imbroxável".

De acordo com ele, "eleições não auditáveis não é eleição, é fraude". Também ampliou os questionamentos sobre o uso de urna eletrônica e levantou a possibilidade de se ter irregularidades nas eleições para deputado federal. Segundo o presidente, se for disputar a reeleição de 2022, entregará a faixa presidencial para "qualquer um", contanto que as eleições sejam limpas.