Título: Descarte de prejuízos
Autor: Waldo Nogueira
Fonte: Jornal do Brasil, 28/03/2005, Economia & Negócios, p. A18

A competição entre os supermercados não deixa espaço para meio-termo: nacionais ou estrangeiras, as empresas querem bons números no balanço, o que implica o descarte de operações sem retorno satisfatório.

O Sonae enfrentou problemas para incorporar redes com mercados e estratégias diferentes, num total de 148 lojas. Elas se distribuem entre os hipermercados Big (18 em São Paulo, nove no Paraná, quatro em Santa Catarina e 15 no Rio Grande do Sul) e os supermercados de bandeiras Nacional (66 no Rio Grande do Sul) e Mercadorama (24 no Paraná).

Em visita ao Brasil no final do ano passado, o presidente do grupo português, Belmiro de Azevedo, demonstrou preocupação com três problemas: o peso da carga tributária, as taxas de juros elevadas que inviabilizam a rentabilidade e a discriminação que ainda existe em relação a investimentos estrangeiros. Ele admitiu a possibilidade de venda de ativos e de saída do grupo do Brasil. Chegou até a afirmar que a decisão de apostar no país ''teve uma dose maior de emoção do que de razão''.

O Carrefour mantém o programa de investimentos no país (R$ 600 milhões este ano), mas já vendeu a filial chilena e está saindo do México e do Japão, com o objetivo de reforçar sua posição na França.

A americana Wal-Mart chegou em 1995 e teve um crescimento cauteloso até o início do ano passado, quando comprou a rede Bompreço, controlada pela holandesa Royal Ahold. Incorporou, de uma vez, 68 lojas no Nordeste, depois de instalar 31 em São Paulo e outros estados. Se quisesse arrumar as malas, não faria um investimento de US$ 300 milhões. Mas tudo é possível no mundo das gôndolas.

A concentração no topo do ranking será acompanhada, conforme Alejandro Padron, de outros movimentos entre as empresas menores, com apoio dos fornecedores. O jogo de forças incluirá redes regionais fortes e pequenas empresas mais modernas e inteligentes.

Nesse último grupo, duas tendências se destacam: aumento dos clientes de lojas de vizinhança que oferecem bons produtos e serviços, com preços um pouco acima dos praticados nas grandes empresas; e expansão das centrais de compras e das associações de pequenos negócios em redes como a Smart, do grupo Martins.