Título: Propaganda redescobre o Rio
Autor: Sandra Azedo
Fonte: Jornal do Brasil, 28/03/2005, Economia & Negócios, p. A19

Aquecimento do mercado publicitário carioca traz grandes agências de volta à cidade

Apesar de ser difícil de resistir à beleza do Rio de Janeiro, no caso da propaganda não são apenas as praias badaladas e o Cristo Redentor que seduzem as agências a fincar o pé na capital carioca. O mercado publicitário nacional apresentou crescimento em 2004, prevê novo salto para este ano e, segundo especialistas, o Rio é a bola da vez para o setor.

Prova disso é que a DPZ Propaganda, na cidade desde a década de 70, pouco depois de ser fundada em São Paulo, não pára de comemorar o sucesso atual de sua operação carioca. As novas contas e a ampliação do trabalho para clientes que já estão na casa fizeram com que a operação da DPZ Rio já represente 30% do faturamento da DPZ Brasil - há ainda um escritório em Brasília.

Outra experiente agência, a W/Brasil, sorri a valer quando a assunto é o Rio. A exemplo da DPZ e de outras que estão há mais tempo no mercado publicitário, como JW Thompson e McCann-Erickson, a agência de Washington Olivetto se instalou há muitos anos no Rio. Mas, no caso da W/Brasil, houve uma retirada pelo enfraquecimento do mercado local, de acordo com o vice-presidente de planejamento e operação, Meyer Cohen. Há seis meses, porém, a W/Brasil retornou ao Rio, onde hoje tem rentabilidade.

A Merck - um dos maiores fabricantes de medicamentos genéricos do mundo - acaba de entregar sua conta à W/Brasil, no Rio, onde a agência soma 11 contas desde o retorno à cidade. Reforçada na criação e atendimento, a agência está de mudança para uma nova sede, na Zona Sul.

- O Rio é uma operação rentável - ressalta Meyer Cohen.

A agência retornou ao Rio por ganhar a conta da Ancar, uma administradora de shopping center, mas já tinha em seu portfólio as contas da Piraquê e Warner Music e, eventualmente, desenvolvia trabalhos para a Rede Globo.

- Decidimos voltar e foi uma grata surpresa. O Rio está retomando o papel que sempre mereceu ter. Há grandes players na cidade e o mercado está mais aquecido - considera Cohen.

É claro que na divisão do bolo publicitário, São Paulo desponta com folga, mas o momento do Rio é de ascensão. De acordo com estimativa não oficial da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), a capital paulista concentra 30% do bolo publicitário, enquanto o interior de São Paulo fica com 15% e o Rio de Janeiro com outros 15%.

Citando somente as afiliadas à Abap, estão presentes com escritório no Rio as gigantes DPZ, Fischer América, Giovanni,FCB, JW Thompson, McCann-Erickson, Ogilvy e Publicis Salles Norton. Ainda entre as grandes agências, a DM9DDB se instalou no Rio no ano passado, após ganhar a conta do Ponto Frio. Comentários no mercado dão conta de que a DM9 anunciará, em breve, novidades para a unidade do Rio de Janeiro. A F/Nazca Saatchi & Saatchi tem uma unidade carioca desde 2001. Somente de contas locais, são seus clientes Petrobras, Embratel e Unimed Rio.

- Os clientes que temos no Rio necessitam de uma base na cidade - diz o diretor-geral da DPZ Rio, Ronaldo Rangel. - Inclusive, muitas campanhas ligadas ao governo federal são feitas no Rio.

A DPZ Rio tem uma equipe de aproximadamente 60 pessoas. Entre os clientes estão Petrobras Distribuidora, Souza Cruz, Coca-Cola, entre outras empresas locais.

- Somos independentes da matriz, já que temos muitos clientes próprios - diz Rangel.