Título: Sobrevivência nos 'Rios'
Autor: Daniela Dariano e Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 27/03/2005, País, p. A4

PTs gaúcho e fluminense enfrentam a difícil tarefa de se unir para 2006

Mais de 17 milhões de eleitores em jogo em dois importantes estados do país. Um deles, o Rio de Janeiro: um estado em que a sigla, nos seus 25 anos de existência, nunca conquistou, pelo voto, um cargo Executivo: nem no governo nem na prefeitura. Outro, o Rio Grande do Sul: berço de um PT usado como marketing nacional da administração que dá certo. Mas também local de duas recentes derrotas históricas - no governo estadual, há três anos, e na capital, ano passado - que abalaram a estrutura do partido depois de 16 anos no poder municipal. Nos dois Rios, a difícil busca por unidade antes das eleições de 2006 é questão de sobrevivência para o Partido dos Trabalhadores. Até mesmo a prévia na legenda pode ser fatal para o resultado nas urnas.

As semelhanças entre o PT dos dois estados, no entanto, param por aí. O Rio de Janeiro é assombrado pelo fantasma da intervenção da Executiva Nacional do partido - desde o episódio de 1998 -, que ameaça se repetir se o consenso não ocorrer depressa. O PT gaúcho ainda goza da autonomia conquistada num passado ligado às origens históricas do partido, mais à esquerda, com forte influência dos movimentos sociais, por exemplo.

O difícil é identificar, nas diferenças entre os dois estados, o que é vantagem ou desvantagem. No Rio Grande do Sul, a independência em relação ao PT nacional se construiu sobre uma imagem de certa intolerância, inspiradora de uma forte corrente anti-petista que frustrou o partido nas últimas eleições. No Rio de Janeiro, depois do fracasso na campanha para a prefeitura da capital, ano passado, com um candidato ligado ao governo federal, muitos petistas acreditam que o único meio de sensibilizar a população fluminense em 2006 será uma candidatura apoiada nas raízes de esquerda.