Título: Tecnologia da informação no Brasil
Autor: Ana Rosa Rios*
Fonte: Jornal do Brasil, 27/03/2005, Economia & Negócios, p. A22

A área de tecnologia de informação vem apresentando rápido desenvolvimento nos últimos anos e imprimindo algumas ondas no mercado empresarial como mainframe, downsizing, sistemas integrados, modernização das estruturas de rede e transmissão de dados, internet etc. Todo este processo evolutivo se deve à crescente necessidade de redução dos custos e de ganho na escala produtiva, tanto na gestão das empresas quanto na parte operacional. Temos atingido um nível de progresso bastante significativo e isso pode ser refletido no alto nível de automatização e agilidade nas complexas transações que são realizadas na área financeira, onde o nível de exigência nos quesitos confiabilidade, sigilo e agilidade dos processos, cada vez mais elevado, tem sido acompanhado de perto pelos órgãos regulamentares e também pelos investidores. Atualmente, a área de tecnologia dá suporte para a grande maioria dos processos críticos das organizações e, por isto, as organizações não conseguem estimar nem quantificar mais suas operações sem o uso dos recursos fornecidos pela tecnologia de informação. É possível projetar a mesma situação para nossas vidas. Às vezes pensamos como seria nossa vida hoje sem nenhum recurso de TI e a resposta não varia: é impossível viver, de forma organizada, sem os recursos de TI. Esses recursos estão totalmente enraizados nas nossas vidas, inclusive nas mínimas coisas que fazemos, nos produtos que adquirimos etc.

Para confirmar a impossível dissociação, o projeto E-Cidadão ¿ Programa de Inclusão Digital desenvolvido pelo Governo de São Paulo ¿, divulgou uma pesquisa, realizada em março de 2002 pela Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP), revelando que 81% da população que vive na periferia de São Paulo teria uma melhoria significativa em sua vida se tivesse acesso à internet. Pela rede mundial de computadores os entrevistados disseram que poderiam realizar atividades de forma muito mais rápida e fácil, como: marcar consultas médicas, procurar empregos, estudar, ter acesso à leitura de livros e jornais, pagar contas, fazer compras e comunicar-se com pessoas.

Sem o acesso destas pessoas à tecnologia, a diferença social tende a aumentar, já que aqueles que têm acesso poderão se desenvolver muito mais rapidamente e ficar muito à frente daqueles sem acesso. Como resposta à demanda, o governo criou telecentros, que já possuem meio milhão de usuários cadastrados com acesso gratuito à internet e oferecem cursos de informática para a população carente.

A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) divulgou em agosto de 2004 que as vendas na área de Informática continuam crescendo em razão da retomada do crescimento. O reaquecimento da economia propiciou o aumento de investimentos em infra-estrutura de indústrias de diversos segmentos. A intenção do governo em integrar os programas de Inclusão Digital existentes nas esferas federal, estadual e municipal deverá estimular novos investimentos, gerando perspectivas favoráveis para o setor.

Esta realidade fez com que o assunto tecnologia de informação começasse a ser visto, em nosso país, como grande diferencial competitivo. Quanto melhor o alinhamento da área de tecnologia com a estratégia das empresas, maiores são as possibilidades que as empresas têm de alcançar os objetivos e, conseqüentemente, oferecer bom avanço e maior visibilidade para o Brasil.

Observando sempre a relação ¿causa e efeito¿, é possível observar que empresas e órgãos do governo dependem cada vez mais de suas áreas de TI. Seus orçamentos têm sido reforçados a cada ano e seu gerenciamento despertado discussões nos mais altos níveis das organizações. Nas empresas a visão é atualmente cada vez mais clara da importância dos controles internos que residem nos processos da própria área de tecnologia. Além de ser considerada como grande diferencial competitivo, a TI passou a ser vista como uma área de grande possibilidade de exposição ao risco para as empresas, caso suas informações não estejam bem protegidas por mecanismos de segurança.

Dentro deste contexto surgiu o conceito de Governança de TI, que tem o objetivo claro de rever processos e controles da área de tecnologia, para organizar o planejamento, o orçamento, o desenvolvimento e a aquisição, monitoramento e entrega de produtos, bem como assegurar disponibilidade, integridade e confiabilidade das informações processadas.

As empresas que já despertaram para esta nova realidade saíram na frente na conquista de credibilidade, confiança e novas oportunidades no mundo corporativo. É hora de agir para não perder o bonde do crescimento no mercado. O dinheiro aplicado na área de TI não pode ser encarado como gasto, mas em investimento, com retorno garantido.

*Sócia da KPMG, responsável pela prática de Information Risk Management no Brasil