Título: No plenário, clima de perplexidade
Autor: Paulo de Tarso Lyra, Sérgio Prado e Daniel Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 30/03/2005, País, p. A3

Era de perplexidade o clima na Câmara ontem à noite quanto os deputados começaram a discussão da natimorta MP 232, que corrigia a tabela do IR em 10%, mas que aumentava o arrocho sobre o setor agrícola e a carga tributária sobre as empresas prestadoras de serviço. Diante de um plenário atônico, vivendo um situação inusitada, o relator da medida Carlito Merss (PT-SC) e o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reafirmaram a orientação de votar contra a MP. Até as 21 horas de ontem, a MP ainda era discutido pelos parlamentares. - Este é um dia estranho, estamos com um desgoverno muito grande. Nunca vi o governo encaminhar contrário a uma proposta apresentada por ele - declarou um atarantado líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

A oposição ainda apresentou um destaque tentando votar em separado a correção da tabela do IR em 10%. Caso obtivesse sucesso, este ponto do relatório de Carlito seria votado isoladamente - a estratégia de pefelistas e tucanos era pedir votação nominal, para colocar ainda mas a faca no pescoço do Planalto.

- O relator do orçamento de 2005, o atual ministro da Previdência, Romero Jucá, deixou R$ 1,9 bilhão reservados para a correção da tabela. Não precisa aumentar impostos para conceder este reajuste - criticou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

Os líderes governistas nem pensavam em entrar neste mérito. O líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande, afirmou que a estratégia era rejeitar o requerimento da oposição, votar o relatório de Carlito e derrotá-lo. Tudo com base no compromisso do governo de encaminhar um projeto de lei, num prazo o mais curto possível, corrigindo a tabela.

- Chinaglia e Aldo Rebelo já iniciaram as conversas para garantir as fontes de financiamento necessárias para a correção da tabela - apostou Casagrande.