Estado de São Paulo, n. 46551, 31/03/2021. Política. p. A4

 

 

Para Braga Netto, golpe de 1964 deve ser ‘celebrado’

 

 

 

 

Rafael Moraes Moura/ BRASÍLIA

 

No seu primeiro dia como ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto estimulou as comemorações do golpe militar de 1964. “O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, diz a nota divulgada pelo Ministério da Defesa, ressaltando que o episódio só pode ser entendido a “partir do contexto da época”.

“Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964”, afirma o texto. O período que durou até 1985, no entanto, foi marcado pelo fim das eleições diretas, pelo fechamento do Congresso, pela censura, tortura e assassinatos praticados pelo Estado brasileiro.

Ainda de acordo com a nota, as Forças Armadas “acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”.

O comunicado foi divulgado após a reunião de Braga Netto com os comandantes Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa Júnior (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica), que foram demitidos ontem.

Em março do ano passado, o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, emitiu nota similar na qual chama o golpe militar de 1964 de “marco para a democracia brasileira”. A publicação do texto virou uma disputa na Justiça.