Título: Severino culpa os jornais: ''Tenho levado muito cacete''
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 30/03/2005, País, p. A5

Presidente da Câmara afirma que Congresso sofre campanha de difamação

O presidente do Congresso, Severino Cavalcanti (PP-PE), pediu ontem ajuda a líderes empresariais para combater o que considera uma campanha de difamação contra o Congresso. Severino atacou duramente a imprensa, afirmando que os jornais têm exagerado na cobertura de suas declarações. Os empresários comemoravam ontem em Brasília a decisão do governo de rejeitar a Medida Provisória 232. Dirigindo-se ao presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, Severino fez um pedido:

- Afif, só quero que você me ajude, tenho levado muito cacete. Eu tenho história para contar. Todas as críticas que quiserem fazer, façam, que o Severino agüenta - desabafou o presidente da Câmara.

Severino não quis comentar as denúncias de que teria praticado nepotismo ao nomear parentes para a Câmara. O Ministério Público da União pediu ao Tribunal de Contas que providencie a demissão desses familiares. O presidente da Casa afirmou que só se manifestará quando for questionado pelos procuradores.

Em reunião anterior com líderes partidários, Severino também reclamou das críticas que vem sofrendo.

- Pelos meus erros eu respondo. Só não posso responder pelo exagero que colocam nas minhas costas, com notícias e dados mentirosos que acabam por atingir a instituição. A instituição Câmara não merece isso - declarou.

Na reunião com os líderes, Severino atendeu apenas uma parte das reivindicações dos partidos. O presidente da Câmara vem sendo criticado pela sua conduta na direção dos trabalhos, tachada de excessivamente centralizadora. Deixou claro que não abre mão da suas prerrogativas.

Severino aceitou discutir a pauta de votações da Câmara, solicitando que os líderes encaminhem as propostas até as quartas-feiras à noite. As propostas passarão a ser debatidas em reuniões semanais, todas as quintas. Severino, contudo, reforçou que a palavra final é dele.

- Dispensável lembrar que a decisão final de qual matéria indicada efetivamente constará da pauta é prerrogativa da Presidência, que poderá também incluir outras, que, no seu entendimento, devam ser apreciadas - avisou.