Título: Concursados aguardam convocação
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 30/03/2005, Rio, p. A13
A psicóloga Thais da Cruz Carneiro, 46 anos, é a primeira da lista dos aprovados para psicologia na área da Zona Sul do concurso realizado pela prefeitura em junho de 2004. A homologação do concurso foi publicada em janeiro deste ano, mas, até ontem, nenhum dos 2.119 candidatos para diversas especialidades haviam sido convocados. Diante do esforço do governo federal para contratações temporárias, por meio do banco de concursados do estado, os candidatos aprovados no município se frustram. - Enquanto a prefeitura tem um banco de concursados, estão tapando buracos nos postos de saúde e nos hospitais da rede federal em que há falta de pessoal - lamenta a psicóloga.
Thais desembolsou R$ 65 para a inscrição no concurso. A classificação final, por área programática, dos 18.143 candidatos aprovados no concurso foi publicada no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro em 30 de junho do ano passado.
- O prefeito também gastou dinheiro com o concurso - observa a psicóloga.
A presidente do Conselho Regional de Medicina, Márcia Rosa, confirma o problema. Segundo ela, o município insiste na política de contratação de cooperativados.
- A prefeitura não valoriza a saúde. A obra da emergência do Salgado Filho está concluída, mas o setor não funciona por falta de profissionais - afirma Márcia.
O presidente do Conselho Distrital de Saúde da Zona Oeste, Adelson Alípio, calcula que o déficit de profissionais nos 102 postos de saúde chega a 2.100 especialistas.
- O ministério está contratando por meio do banco de dados do estado para dar mais agilidade ao processo. As negociações com a prefeitura têm sido inviáveis - explicou Alípio.
Na semana passada, o ministério contratou 488 integrantes do banco de concursados. Nos dois primeiros dias da semana, foram 105 selecionados.
Segundo a prefeitura, a convocação dos candidatos aprovados será feita após levantamento de pessoal nas unidades. O município nega falta de profissionais e alega que há um excesso na demanda, principalmente, na Zona Oeste.