Título: Furlan critica protecionismo americano
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 30/03/2005, Economia & Negócios, p. A18

Para ministro, subsídios e barreiras comerciais dos EUA prejudicam concorrência tanto quanto pirataria

Folhapress

SÃO PAULO - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que as barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros provocam uma concorrência tão desleal quanto a pirataria, problema que vem sendo apontado pelos americanos como entrave para desenvolver as negociações comerciais e motivo de retaliação ao Brasil.

As afirmações foram feitas na presença do senador americano Norm Coleman, presidente do Subcomitê para o Hemisfério Ocidental da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos. Os dois participaram do seminário ''O Brasil contra a Pirataria'', promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

- A competição desleal não se dá apenas por transgressões como fraudes e falsificações, como é o caso da pirataria. A competição desleal ocorre também por barreiras de entrada a produtos, e por subsídios que tornam muitas vezes países como o Brasil não competitivos - afirmou Furlan.

Por causa da pirataria, na semana passada o grupo americano Defensores dos Direitos de Propriedade anunciou que planeja solicitar a retirada do Brasil das preferências tarifárias concedidas no âmbito do Sistema Geral de Preferência.

Furlan enfatizou que o problema da pirataria não é exclusivo do Brasil. De acordo com ele, trata-se de um problema mundial, inclusive dos EUA. O ministro acrescentou que o Brasil está fazendo sua parte no combate à pirataria.

O senador americano, por sua vez, afirmou que o problema dos subsídios dos EUA relacionados ao comércio exterior deve ser tratado no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), e destacou o fato de, na União Européia, haver ''dez vezes mais subsídios do que nos Estados Unidos''.

- O ministro apenas espelhou o que é a realidade. Ou seja, esse é um dos fatores que afetam a competitividade das nações - disse Coleman.

Segundo o senador, não há ainda uma decisão sobre a eventual remoção de produtos brasileiros do sistema de preferência americano. Além disso, segundo ele, o prazo dessa decisão já foi adiado algumas vezes e pode ser postergado novamente.