Título: Indústria do Rio terá R$ 50 bi até 2007
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 30/03/2005, Economia & Negócios, p. A19
Setores naval, siderúrgico e químico lideram previsão de investimentos realizada pela Firjan
Os investimentos anunciados na indústria do estado do Rio de Janeiro entre 2005 e 2007 somarão R$ 50,7 bilhões nos próximos três anos e promoverão a criação de 117 mil empregos. Os números foram comemorados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), responsável pelo levantamento, embora representem uma redução de 15% em relação à cifra estimada no início do triênio anterior, de US$ 22 bilhões (R$ 59 bilhões). A previsão de novas vagas supera em 59% a estimativa do período anterior, de 73,8 mil. Para a entidade, mais do que os recursos, o importante é a mudança no perfil dos investimentos.
- Há três anos, a indústria de transformação era alvo de apenas 12,4% dos recursos, incluindo aí os dados da indústria naval. Hoje, esse percentual é de 39% sem contar o setor naval e offshore, que receberá outros 30% - ressalta o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. - Além disso, o percentual de novos projetos passou de 46% para 80% do total.
O setor de transformação será destino de R$ 20 bilhões, e o naval, de outros R$ 15 bilhões. Somados, os valores representam avanço de 400% em relação aos R$ 7 bilhões que a entidade previa de aportes para os dois segmentos há três anos, o que se traduziu no avanço no número de vagas, que representa um aumentode 19% no número atual de empregos na indústria, de 603 mil, segundo o IBGE.
O presidente da Firjan comentou que, desta vez, a entidade buscou ser mais conservadora. A última previsão dava conta de investimentos totais da ordem de US$ 32 bilhões (R$ 86 bi em valores atuais). Segundo Vieira, além do efeito do câmbio menor de hoje, as previsões anteriores também contaram com a realização de projetos com poucas chances de sair do papel, como a usina nuclear de Angra 3 e a linha 3 do Metrô. Mas o otimismo pôde ser verificado no setor naval. A entidade aposta que os estaleiros do Rio recebam 80% das encomendas da Transpetro, subsidiária da Petrobras, que ainda está licitando a construção de 22 navios.
No segmento de transformação, o avanço dos investimentos vem por conta dos setores de Química e Petroquímica, com R$ 8,3 bilhões e geração de 45,7 mil empregos - caso dos investimentos da Polibrasil, anunciados ontem - , e Siderurgia, com R$ 8,2 bilhões e geração de 1,1 mil empregos - caso da Thyssen, que construirá unidade em Itaguaí em parceria com a Vale do Rio Doce. A entidade também dá como certa a vinda da refinaria petroquímica que o Grupo Ultra erguerá em parceria com a Petrobras, . Há dois meses, o presidente da empresa, Paulo Cunha, disse ao JB que os estados do Espírito Santos e São Paulo estavam tentando levar a unidade, com investimento estimado em US$ 3,5 bilhões.
- A questão é saber se irá para o Norte do Estado, como quer o governo, ou se ficará próximo a Sepetiba, como pretende o empresário - acredita o diretor da Firjan Augusto Franco.
Para o economista Aloisio Campelo, da Fundação Getúlio Vargas, a concentração de investimentos nos setores naval, químico e siderúrgico demonstra tendência de especialização da indústria.
- Embora isso seja positivo, o mais interessante para a indústria do Rio seria a diversificação, especialmente em bens de capital e consumos duráveis. Isso reduziria o impacto no setor quando alguns segmentos entram em crise.
O economista David Kupfer, da UFRJ, considera positiva, mas insuficiente, o número de empregos anunciados.
- Assim como a indústria de petróleo, esses setores geram empregos qualificados, mas em número pequeno. É insuficiente para inverter a deterioração do mercado de trabalho do Rio.