Título: Palocci descarta FMI no curto prazo
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Fonte: Jornal do Brasil, 30/03/2005, Economia & Negócios, p. A19

O Brasil deverá passar muitos anos sem precisar de um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A avaliação foi feita ontem pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Segundo o ministro, o Brasil ganhou crédito ao longo dos últimos anos e está hoje mais bem preparado para enfrentar turbulências internacionais.

- A decisão não é um arroubo, é medida amadurecida - disse Palocci ao lembrar que já havia anunciado durante a renovação do acordo com o fundo, em setembro de 2003, que aquele seria o último, e que teria caráter preventivo. Por isso, disse, o Brasil não sacou recursos nos últimos 15 meses.

Palocci destacou que se as condições da economia não permitissem, não teria rompido com o fundo.

- O cenário foi melhor do que se previu. A vulnerabilidade daquele momento não nos permitia sair abruptamente do FMI - assegurou.

Segundo o ministro, no entanto, o Fundo está de ''portas abertas'' para o Brasil pelo relacionamento que o país manteve até agora.

Palocci também desmentiu as informações de que o rompimento com o fundo teria ocorrido porque o governo brasileiro não teria conseguido convencer o fundo a excluir os investimentos de setores de infra-estrutura, como energia elétrica, das metas.

- O Brasil não tentou nenhum artifício. Não teria resultado positivo para o país - disse aos senadores.

Questionado sobre a possibilidade de antecipação do pagamento dos débitos do Brasil com o fundo, Palocci comentou que o país tem três anos para fazê-lo. Segundo ele, o assunto será tratado com ''serenidade''.

- Não vamos fazer bravata, foguetório ou marola - afirmou.