Título: BC eleva expectativa de inflação em 2005
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Jornal do Brasil, 30/03/2005, Economia & Negócios, p. A20
Previsão de 5,5% está acima da meta para este ano
O Banco Central elevou de 5,3% para 5,5% a expectativa de inflação de 2005. A projeção leva em consideração o cenário de referência com taxas constantes de juros em 19,25% ao ano e de câmbio em R$ 2,70. A mais recente projeção da autoridade monetária permanece acima da meta de 5,1% definida para este ano e foi calculada com base no repique dos preços nos primeiros meses de 2005 e nos efeitos defasados da política monetária. O BC manteve inalterada, em 4%, a perspectiva de expansão do PIB para este ano.
Com a finalidade de fazer a inflação convergir para a meta de 5,1% os juros foram aumentados sete vezes entre setembro e março, período em que a Selic passou de 16% para 19,25% ao ano.
Ao divulgar as projeções, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, reforçou que a autoridade monetária continuará a perseguir a meta de inflação de 5,1% para 2005, mas não antecipou se o processo de alta dos juros chegou ao fim.
- No curto prazo ainda existem pressões localizadas. A inflação do primeiro trimestre acabou sendo maior, houve reajuste de preços administrados que não eram antecipados. O trabalho da política monetária é evitar que inflação maior no curto prazo, explicada por fatores transitórios, contamine as projeções de médio prazo - disse.
Ao divulgar as projeções atualizadas, o diretor do BC frisou que o país cresce pelo sétimo trimestre seguido, que a demanda interna se consolida como motor da expansão e que a evolução do nível de atividade e das contas públicas tornaram o Brasil resistente a turbulências externas.
Mesmo assim, Bevilaqua admitiu que incertezas geradas no exterior ampliaram os riscos inflacionários. A avaliação contrasta com a análise do ministro da Fazenda, Antonio Palocci na última segunda-feira, quando considerou que o cenário externo não é motivo de preocupação.