Correio Brazilense, n. 20681, 06/01/2020. Política. p. 2/3

 

 

 

 

 

 

Eleição é Municipal; Mas ambição, presidencial

Neste ano, disputas pelas prefeituras serão o termômetro das forças políticas e das coligações em todo o país na sucessão ao Planalto

» BERNARDO BITTAR

» AUGUSTO FERNANDES

 

Apesar de ainda faltarem quase três anos para a eleição do próximo presidente da República, e de haver um pleito municipal este ano, que será um forte termômetro para a sucessão presidencial, os nomes mais cotados já começam a escutar conselhos de assessores e parlamentares mais próximos sobre retoques necessários no comportamento eleitoral.

Entre as opções do PSDB, o governador de São Paulo, João Doria, e o apresentador Luciano Huck precisam fortalecer seus nomes em meio às classes sociais mais baixas. Enquanto Doria se afasta desse público por seu estilo de vida luxuoso, Huck tende a reviver as ações midiáticas de seu programa de tevê — onde muda a vida das pessoas ao reformar casas e oferecer empregos. Os dois sinalizam, informalmente, a intenção de participar da corrida eleitoral, mas precisam "popularizar" suas figuras pelos próximos anos, dizem assessores próximos ao cacique tucano e ao pretenso político.

A ideia de Doria é se tornar mais popular no Nordeste, que rechaça o estilo de vida da elite paulistana. Huck, cuja vantagem é ser conhecido nacionalmente, precisa consolidar o discurso social. O movimento desses possíveis candidatos causa preocupação entre os petistas e aliados do presidente Jair Bolsonaro, que estuda a possibilidade de concorrer ao próximo pleito ao lado do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ainda tratado como herói nacional após o primeiro ano de governo ao lado de Bolsonaro.

Um empresário de Brasília, apoiador de Doria, que prefere não se identificar, diz que, para concorrer ao cargo de presidente, o governador de São Paulo terá que mudar a imagem que cultivou de homem abastado, para construir uma imagem de homem do povo. Em São Paulo, segundo explicou o empresário, existe uma atmosfera de privilégios que condiz com candidatos como Doria e Geraldo Alckmin, ex-governador do estado.

Entre os tucanos, é consenso que Doria precisa se tornar mais popular — com o cuidado de não exagerar. Um assessor do PSDB, que também pede anonimato, avalia que há muitos candidatos que "saem para o abraço", o que não está de acordo com a proposta do partido. Mesmo assim, ele diz que a avaliação na legenda é a de que o governador precisa de mais aderência nas camadas sociais afastadas da elite. Ele avalia ainda que o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais complicou para os candidatos mais abastados e bem relacionados com o poder econômico, como é o caso de Doria. Outro motivo de preocupação é a falta de coligações em 2022, problema que já se apresenta este ano, nas eleições municipais de outubro.

O cientista político Enrico Ribeiro, coordenador legislativo da Queiroz Assessoria em Relações Institucionais e Governamentais, avalia que o caminho de Huck será mais complicado. "Huck não pode aparecer como político devido a questões contratuais. Ele vai ter pouco tempo para se construir como candidato a presidente da República", diz. "Se vier a se candidatar, terá que se comportar como um verdadeiro concorrente à Presidência, e não apenas como um aventureiro. Ele é um empresário muito bom e um apresentador de TV famoso, mas, na hora que a campanha eleitoral começar a pegar, ele vai precisar mostrar que é um candidato para valer", ressalta.

 

Cabos eleitorais
As eleições municipais podem afetar diretamente a corrida pelo Planalto, dizem especialistas. Na prática, é provável que a ideologia de quem dominar as assembleias legislativas e prefeituras acabe estendida ao governo federal. "Estados e municípios são cabos eleitorais de presidentes, governadores e congressistas. A expectativa é de que os aliados do presidente Bolsonaro tenham força, mas também há o lado contrário", analisa o professor de Ciência Política Felippo Madeira, da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Para Felippo, a esquerda e o centro tendem a lutar pelo espaço perdido para a direita na eleição de Jair Bolsonaro. "Militantes vão fazer mais barulho nas ruas e na internet para tentar amenizar o resultado do último pleito", aposta. Essa possibilidade, acredita, pode fazer com que as lives do presidente e do primeiro escalão se multipliquem. "É normal buscar canais de comunicação mais abertos. Isso provavelmente vai acontecer", completa.

Sairá fortalecido dessa disputa, prevê Ribeiro, o grupo que conseguir levar o seu discurso de forma mais direta à base eleitoral e vencer, sobretudo, em cidades médias e grandes. "Estas eleições não são apenas para vereador e prefeito. Serão a fundição para que cada partido crie a base do que vai ser a campanha de 2022. Eles vão provar a capilaridade dos seus discursos e, em caso de vitória nas urnas, conquistar mais tempo de TV e cotas de fundo partidário", explica.

 

Partido dos Trabalhadores
Apesar de o debate sobre as eleições presidenciais de 2022 já movimentar o cenário político, formalmente, algumas legendas preferem se abster de uma análise mais aprofundada. O PT, por exemplo, fala em priorizar as eleições municipais deste ano e, só depois, construir uma agenda para concorrer ao Palácio do Planalto. "A nossa proposta é ter candidatos na maior parte dos municípios possíveis, principalmente nas capitais. Queremos apresentar nomes e o nosso programa para o desenvolvimento do país", diz a presidente nacional da sigla, a deputada Gleisi Hoffmann (PR).

A parlamentar garante que o PT vai priorizar candidaturas próprias às prefeituras, mas não descarta a possibilidade de o partido se aproximar de legendas como PSB, PDT, PSol e PC do B. Com o movimento, a sigla poderia fortalecer a união entre os partidos de esquerda e centro-esquerda e, consequentemente, a oposição ao presidente Bolsonaro e aos demais candidatos, que aderem a um viés de direita ou centro-direita, como Doria e Huck.

"As eleições municipais de 2020 terão um caráter nacional muito forte e serão o principal termômetro para o pleito majoritário, pois o foco da campanha em 2022 será a vida do povo. É impossível desenvolver políticas municipais no âmbito que as pessoas mais reivindicam, como saúde e educação, sem financiamento federal. E, hoje, temos uma situação difícil para o povo brasileiro, que sofre com uma política que não dá respostas", comenta Hoffmann. "Isso é o que estará em discussão daqui a dois anos: o quanto essas candidaturas terão a oferecer. A meu ver, todas estão voltadas para uma estratégia mais liberal e falam pouco do social", acrescenta.

Além disso, com o ex-presidente Lula fora da prisão, a ideia do PT é usar a força da sua liderança política para "conquistar território" e, a partir de uma eventual suspeição de Moro no caso do triplex do Guarujá (SP), lançar o nome do ex-presidente para concorrer em 2022. "Nosso empenho será o de resgatar os direitos políticos de Lula, que será o nosso candidato. Mas isso vai depender dele", frisa a deputada. "Temos outros nomes, claro, como o de Fernando Haddad, que é uma referência importante para a política nacional. De qualquer forma, queremos passar o processo municipal para depois discutir 2022", completa Gleisi.

"Nosso empenho será resgatar os direitos políticos de Lula, que será o nosso candidato. Mas isso vai depender dele. Temos outros nomes, como o de Fernando Haddad, que é uma referência importante para a política nacional. De qualquer forma, queremos passar o processo municipal para depois discutir 2022"
Gleisi Hoffmann, deputada federal (PR) e presidente do PT

"Estas eleições não são apenas para vereador e prefeito. Serão a fundição para que cada partido crie a base do que vai ser a campanha de 2022. Eles vão provar a capilaridade dos seus discursos e, em caso de vitória nas urnas, conquistar mais tempo de TV e cotas de fundo partidário"
Enrico Ribeiro, Cientista Político

 

 

________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

 

Novas coligações ou cabeça de chapa

Outros partidos buscam protagonismo e não descartam lançar candidaturas próprias para as próximas eleições presidenciais. O DEM quer fortalecer o nome da legenda no pleito de outubro, e tentar controlar prefeituras de cidades grandes e capitais para se capitalizar eleitoralmente para 2022. "Queremos independência e autonomia e não sermos meros coadjuvantes, mas protagonistas do processo eleitoral", afirma o deputado federal Efraim Filho (DEM-PB).

"O partido tem experimentado sua melhor fase de crescimento dos últimos anos. Chegamos a 2020 com envergadura política bastante fortalecida. Afinal, hoje contamos com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado (AP), Davi Alcolumbre. Além disso, temos prefeitos em capitais, como o ACM Neto, em Salvador (BA); e fizemos as filiações de Gean Loureiro, em Florianópolis (SC); e de Rafael Greca, em Curitiba (PR). A pretensão é aumentar o número de capitais em 2020. Para nós, isso é visto como um degrau para as eleições presidenciais", detalha.

Apesar de não haver nenhuma sinalização concreta por parte dos políticos filiados à sigla, Filho acredita que a escolha do eventual presidenciável do DEM ficaria entre Maia, ACM Neto e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. "Tudo vai depender da conjuntura futura. Mas é certo que esses nomes fizeram o DEM ficar extremamente fortalecido e reconhecido na opinião pública", frisa.

A construção de alianças, no entanto, não está descartada e é algo considerado "natural". O parlamentar disse que as parcerias podem ser feitas com partidos de centro-direita, como o PSDB e o PL, ou de esquerda mais moderada, como o PSB e o PDT, ao qual é filiado o ex-candidato ao Planalto em 2018, Ciro Gomes. "São possibilidades remotas e ainda é cedo para cravar. Entretanto, o que é certo é que queremos priorizar os nomes internos", diz o deputado.

Ex-aliado
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), também está no páreo e poderá enfrentar o ex-aliado — e agora inimigo — nas urnas, caso Jair Bolsonaro confirme sua candidatura à reeleição. O governador, que está no PSC, trabalha para a fusão da legenda com o PSL, partido pelo qual o presidente se elegeu. Com isso, Witzel teria mais tempo de TV e acesso aos recursos do fundo partidário.

O governador rompeu com a família Bolsonaro no ano passado depois da notícia, divulgada pelo Jornal Nacional, de que o nome do presidente foi mencionado por um porteiro do condomínio onde ele morava, no Rio, durante as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, e acabou antagonizando fortemente com o senador Flávio Bolsonaro (PLS-RJ), antigo parceiro de palanque.

O problema é que Witzel tem dificuldades para bater de frente com o chefe do Executivo federal, já que o Rio enfrenta uma de suas piores crises fiscais e está inserido no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal. O estado pretende renovar a ajuda da União em setembro por mais três anos. Mesmo assim, o governador tem acusado Bolsonaro de ser muito ideológico.

Embora Witzel dispute com Bolsonaro a base eleitoral da segurança pública, seu governo enfrenta o desgaste de ter o número recorde de mortes provocadas pela polícia, considerada uma das mais corruptas e violentas do país.

Outras liderança
Em meio às negociações políticas, na semana, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), se encontrou com o apresentador de TV e presidenciável Luciano Huck, no Rio de Janeiro. A reunião não foi bem-vista por parte do PT, e o vice-presidente nacional da legenda, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), usou as redes sociais para dizer que, "com Lula ou com Haddad, Flávio Dino estará na nossa chapa nas próximas eleições presidenciais".

No entanto, isso não está concretizado. Nem a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), nem integrantes do PC do B confirmam uma eventual coalizão. "A lembrança, obviamente, é honrosa. Mas não traduz acerto ou tratativa real para o Dino ocupar uma chapa ou outra, até porque o seu nome também é cogitado para ser cabeça de chapa. O debate iniciado sobre ele ser vice do Huck, do Haddad ou do Lula é próprio deste momento especulatório", comenta o deputado Márcio Jerry (PC do B-MA).

De acordo com o parlamentar, há uma vontade do partido, mesmo que ainda não proclamada publicamente, de ajudar na composição de uma frente ampla no Brasil, em defesa da democracia, para enfrentar o "conservadorismo" e ser capaz de criar um ambiente político forte para vencer eleições de 2022.

"O Dino tem sido um dos porta-vozes dessa tese. Talvez por isso ele tenha assumido um papel de importância na cena da política nacional. É natural que se especule o seu nome e, para nós, é motivo de orgulho. Mas não podemos colocar o carro na frente dos bois. O debate em torno do nome é a última etapa do processo da articulação política", destaca Jerry.

 

 

________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

Teste de popularidade e puxão de orelha

» INGRID SOARES

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aproveitou o dia sem compromissos oficiais ontem para mais uma agenda popular. Ele esteve na Catedral Metropolitana de Brasília, na Esplanada dos Ministérios, pela manhã. Ao chegar ao local, cumprimentou simpatizantes e tirou selfies, como de costume. Em seguida, entrou na igreja, encarou o altar, se ajoelhou e juntou as mãos para fazer uma oração que durou cerca de 46 segundos.

Bolsonaro saiu da Catedral ao som do bordão "mito", repetido por seus seguidores. O momento da visita foi transmitido por meio de live nas redes sociais do presidente, que evitou falar com a imprensa. Quando lhe perguntaram qual seria o intuito da oração, o presidente disse que tinha agradecido por sua missão (de ser presidente): "Você acredita em fé? Cada um tem a sua. Agradeço a Deus pela missão", respondeu. Uma senhora tirou selfie com ele e lhe tascou um carinhoso puxão na orelha, em tom de brincadeira. O segurança rapidamente reagiu e abaixou o braço da apoiadora. "Ela pode, ela pode", disse Bolsonaro, rindo.

Mais cedo, visitou o general Villas Bôas, assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença degenerativa. Momentos antes, Bolsonaro parou em uma igreja Universal, mas não desceu do carro. Depois, seguiu para visitar o general.

Pastel e Mega-Sena
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro surge em meio ao povo. A rotina de realizar aparições junto a populares tem se intensificado desde o final do ano passado, em uma espécie de testes de popularidade. O presidente já disse, mais de uma vez, que não descarta concorrer à reeleição em 2022.

No dia 30 de dezembro, Bolsonaro se hospedou na Base Naval de Aratu, em Salvador. Lá, visitou o Farol da Barra, onde também foi recebido ao som de "mito" e cumprimentou simpatizantes. O carro em que estava foi rodeado por apoiadores. Fez fotos com populares e andou um trecho até o Museu Náutico da Bahia. No mesmo dia, parou em um trecho da BR-324, onde conversou com policiais militares e caminhoneiros que estavam em um posto de gasolina próximo. Também visitou uma loja de conveniência especializada em produtos de milho, onde tomou suco e conversou com funcionários. Os dois momentos foram postados nas redes sociais do presidente.

Dias antes, quando pesquisas apontaram aumento no índice de rejeição ao governo, Bolsonaro desceu à Praça dos Três Poderes e cumprimentou turistas e admiradores. No mesmo dia, no final da manhã, visitou uma casa lotérica no Cruzeiro Velho, onde apostou na Mega da Virada. Lá, cercado de seguranças, cumprimentou e tirou fotos com funcionários, clientes e com a dona do local.

No dia 4 de dezembro, Bolsonaro aproveitou a tarde sem compromissos oficiais para comer pastel de queijo na Feira dos Importados, também no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), repetindo uma iniciativa que virou uma espécie de rito de campanha eleitoral de candidatos a cargos políticos ou à reeleição. A visita durou pouco mais de 20 minutos. No local, uma multidão se formou ao redor do chefe do Executivo. Houve gritos de apoiadores e também de não simpatizantes. Segundo ele, a ida à Feira para comer os petiscos fazia parte de um "velho hábito" e também servia de espécie de termômetro na economia.

Em novembro, o presidente foi a uma concessionária no SIA para buscar uma moto que havia comprado. Tirou selfies com os funcionários e deixou o local pilotando o veículo e sob forte esquema de segurança.

A quebra do protocolo de segurança não é uma exceção na rotina do presidente, o que preocupa os seguranças, já que Bolsonaro foi alvo de um atentado, quando levou uma facada, em setembro de 2018, durante a campanha presidencial, da qual saiu vitorioso. Na entrada e na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro faz questão de cumprimentar o público pró-governo, que se reúne para ter a chance de vê-lo de perto.

Agenda externa
Apesar do acirramento do clima internacional, com a crise entre Estados Unidos e o Oriente Médio, deflagrada por bombardeios norte-americanos ao aeroporto de Bagdá, na última quinta-feira, que matou Qassem Soleimani, chefe das forças revolucionárias do Irã, a agenda de viagens de Bolsonaro não foi modificada, por enquanto. A previsão é de que, no fim do mês, o presidente viaje para Davos e para a Índia; e para os Estados Unidos, em fevereiro, embora o conflito no Oriente Médio possa afetar a agenda de outros representantes de Estado. "A gente não sabe até que ponto pode impactar também, não a minha viagem, mas as de todos os chefes de Estado para Davos, nessa questão. Há uma ameaça do Irã de retaliações, e estamos aguardando. Por enquanto, está mantida (a viagem)".

A expectativa é de que ele compareça ao Fórum Econômico Mundial de Davos e, posteriormente, faça uma viagem à Índia. Segundo o Palácio do Planalto, Bolsonaro aceitou um convite para participar das comemorações pelo dia da República na Índia, no dia 26. Além de buscar aprofundar a cooperação entre os países em áreas de tecnologia, é grande o interesse nas relações comerciais com o país. Bolsonaro disse que, neste ano, poderá sair a liberação da isenção de vistos para os indianos.

De lá, Bolsonaro poderá estender a viagem para os Estados Unidos, para conhecer a tecnologia de "transmissão de energia elétrica sem meios físicos". Ele procura uma possível solução energética para o Estado de Roraima.

Ainda havia a previsão de que o chefe do Executivo viajasse para a Antártida. O plano inicial era de que Bolsonaro participasse da reinauguração da base da Estação Antártida Comandante Ferraz, destruída em 2012, mas, por motivos de saúde, Bolsonaro poderá enviar Hamilton Mourão. Ainda não há confirmação oficial na agenda do vice.