Valor Econômico, n. 5242, 05/05/2021. Política, p. A10
Senadores do PT articulam encontro entre Lula e Pacheco
Andrea Jubé
05/05/2021
Presidente do Senado deve receber Lula em agenda oficial até o fim da semana
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu uma agenda intensa de encontros com lideranças políticas ontem em Brasília, e que vai prosseguir até o fim da semana. À noite, estava previsto um jantar com a bancada de senadores do PT, que articulam uma agenda do ex-presidente com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Segundo a assessoria do presidente do Senado, Pacheco deve receber Lula em agenda oficial até o fim da semana, já que o petista permanece na capital federal até sexta-feira. O PT foi uma das primeiras bancadas a declarar apoio à candidatura do mineiro ao comando do Senado, apesar da resistência dos militantes, já que Pacheco tinha o apoio declarado do presidente Jair Bolsonaro.
Ontem à noite Lula iria ao encontro dos senadores petistas na residência do líder da bancada, Paulo Rocha (PA), já que alguns haviam passado o dia ocupados com a CPI da pandemia.
Ao longo do dia, Lula recebeu no hotel onde está hospedado lideranças de todos os matizes políticos: a senadora Kátia Abreu (PP-TO), o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), o líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE), o senador Otto Alencar (PSD-BA), além do senador Jaques Wagner (PT-BA).
A conjuntura do Rio de Janeiro ganhou destaque na agenda de Lula. Hoje ele deve receber o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), e na segunda-feira, reuniu-se com o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ).
“A situação do Rio nos preocupa, o Estado precisa de ajuda para sair da crise que está, a gente vê terra arrasada na política, na economia, tem a questão das milícias”, disse a presidente Gleisi Hoffmann aos jornalistas no fim do dia. Ela admitiu as conversas sobre a criação de uma frente ampla no Estado, e ressaltou que o PT não vai impor cabeça de chapa.
“Conversamos sobre a necessidade de se restabelecer o valor do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia para garantir uma vida digna aos brasileiros, e falamos também da importância de derrotar o bolsonarismo em 2022, sobretudo em seu berço, o Rio de Janeiro”, disse Molon ao Valor, sobre a conversa com Lula.
Para tornar possível a aliança no Rio, Molon acrescenta que será preciso “construir uma frente ampla de partidos para a disputa eleitoral no Estado, mesmo que esta seja composta por partidos que apoiem diferentes candidatos à Presidência da República”. Um modelo seria o da campanha de Camilo Santana (PT) à reeleição no Ceará em 2018, que deu palanque a Ciro Gomes (PDT) e a Fernando Haddad (PT).
Na segunda-feira à noite, Lula reuniu-se com o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms. Segundo Gleisi, a pauta do jantar foi a crise do meio ambiente no Brasil, e o avanço do desmatamento.
Essa foi uma das pautas da conversa de Lula com Kátia Abreu, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE). “Ele quis me ouvir sobre a questão do meio ambiente, as consequências do desmatamento para o agronegócio, e o prejuízo gerado nas articulações por mais vacinas”, disse Kátia.