Correio Braziliense, n. 20614, 31/10/2019. Política, p. 3


Oposição quer manter investigação no Rio
Jorge Vasconcellos
31/10/2019



Em entrevista coletiva na Câmara, parlamentares da oposição afirmaram ser fundamental a continuidade das investigações  sobre o caso Marielle Franco, no Rio de Janeiro, uma vez que o trabalho da Polícia Civil e o Ministério Público do estado tem obtido importantes resultados. Os oposicionistas também consideraram “precipitada e inadequada” a reação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que pediu ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a instauração de inquérito para investigar as circunstâncias do depoimento do porteiro. 

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que ele e o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), assinaram requerimento para que seja designada, no âmbito do Senado, uma comissão parlamentar para acompanhar as investigações sobre o assassinato da vereadora carioca. Rodrigues disse também que ele e Humberto Costa enviaram ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, uma carta pedindo que o porteiro do condomínio onde fica a residência do presidente Bolsonaro seja incluído no programa de proteção a testemunhas. 

O caso dominou boa parte das discussões, ontem, nos corredores do Congresso. Enquanto a oposição tentava criar constrangimento para o governo, parlamentares da base defendiam o presidente Jair Bolsonaro. 

O deputado General Girão (PSL-RN) diz repudiar totalmente a denúncia envolvendo o presidente. “Não se pode trabalhar com denuncismo irresponsável, isso causou muito espanto e tristeza. Saber que a Justiça do Rio liberou informações dessa natureza para uma emissora de TV é complicado. Quem pagou quanto para quem? Induziram depoimento que parece que não houve em função de falta de investigação do princípio da verdade. Sabendo que ele (o presidente) estava em Brasília, como dizem que ele falou com alguém?”, questionou. 

O deputado Delegado Pablo (PSL-AM) disse ter um documento provando a digital do presidente na Câmara no dia em que ele teria sido ouvido pelo porteiro no condomínio da Barra da Tijuca, no Rio. “Vou apresentar o material para que a polícia e o Ministério Público tenham provas, e não suposições para trabalhar. O presidente não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo”, disse. (BB)