Título: Dorothy: 'Bida' se complica
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 29/03/2005, País, p. A5

Fazendeiro admite que escondeu pistoleiros

- Apontado como o principal mandante assassinato da missionária Dorothy Stang, o fazendeiro Valtamiro Bastos de Moura, o Bida, confirmou ter dado abrigo em sua fazenda aos assassinos da irmã americana, os pistoleiros Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo. Para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, existem várias evidências do envolvimento de Valtamiro no crime. No depoimento prestado ao delegado federal Ualame Fialho, o fazendeiro afirmou que na tarde de 12 de fevereiro chegaram em sua fazenda Rayfran e Eduardo. Rayfran teria lhe mostrado um revólver calibre 38, com quatro projéteis, e pedido mais algumas munições, informando que, naquele momento, tinha assassinado a irmã Dorothy.

Segundo o fazendeiro, Rayfran dizia ter matado a missionária americana por discussões em torno de uma plantação para sementes. No momento em que viu a arma na mão de Rayfran, Vitalmiro, para não se comprometer, afirmou ter orientado o assassino a sumir com a arma.

Segundo Vitalmiro, o pistoleiro Rayfran pediu comida e um pedaço de plástico para se esconder da chuva, antes de descer para ''um canto da fazenda''. Na noite de sábado para domingo, segundo conta o fazendeiro, os dois pistoleiros dormiram em sua fazenda, não sabendo informar o local preciso, na companhia de Amair Feijoli da Cunha, o Tato, apontado como intermediário do crime. No dia seguinte, Vitalmiro afirmou ter encontrado Rayfran, Eduardo e Tato quando caminhava pela fazenda. Ele nega ter dado qualquer orientação a Rayfran e Eduardo, caso fossem capturados pela polícia. O fazendeiro diz que alertou os assassinos para que não ficassem em sua fazenda.

O ministro da Justiça comemorou ontem a prisão de Vitalmiro, que entregou-se à PF no domingo, após negociações. Para Thomaz Bastos, há ''várias evidências'' contra Vitalmiro, mas tudo tem de ser apreciado pelo Judiciário.