Título: Bastos promete punições em SP
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 29/03/2005, País, p. A6

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou ontem que o governo federal vai apurar ''até o limite'' as responsabilidades pelas irregularidades encontradas na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Conforme publicou o JB na sexta-feira, uma correição extraordinária na PF paulista descobriu desvios de mercadorias, inquéritos clonados e muitas investigações engavetadas.

Bastos afirmou que todos os inquéritos parados serão retomados e as responsabilidades serão apuradas. Há casos de engavetamento de inquéritos contra os megacontrabandistas Law Kin Chong e seus parentes e Roberto Eleutério da Silva, o Lobão. Outros inquéritos eram ''clonados'', com dois números, sem registro oficial, o que permitia investigações paralelas. Thomaz Bastos afirmou que a PF não se contenta mais em apontar responsáveis diretos por um crime, mas toda a ''cadeia causal'', incluindo os mandantes.

- E isso vai ser feito em todos os lugares, inclusive naqueles onde se deva investigar sumiço ou parada de inquéritos - afirmou.

Para o ministro, a Polícia Federal vem ''cortando na própria carne'', quando, além de realizar grandes operações, investiga os procedimentos internos.

- Isso torna a PF mais ágil e em melhores condições para cumprir as suas funções - disse o ministro.

A PF já instaurou oito inquéritos e enviou um reforço a São Paulo, para ajudar nas investigações.

Ao inaugurar a nova sede do Instituto Nacional de Criminalística, o ministro Thomaz Bastos criticou a decisão da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados de mudar, no projeto substitutivo, a pergunta que deverá ser feita aos brasileiros no plebiscito do desarmamento. Para o ministro, ''não tem nenhum sentido'' a mudança no tipo de pergunta, que já constava do Estatuto do Desarmamento.

- O substitutivo da Comissão de Segurança da Câmara não foi feliz - criticou Thomaz Bastos.

O ministro quer manter a proposta original, pela qual o brasileiro responderia se deve ser proibida a comercialização de armas e munições no Brasil. Thomaz Bastos afirmou que já conversou com os presidentes da Câmara e do Senado, para que seja feita a alteração.