Correio Braziliense, n. 21264, 13/08/2021. Política, p. 2

Deputado nega negociações de vacinas
13/08/2021



O depoimento do deputado Ricardo Barros durou cerca de três horas e foi interrompido antes que o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), encerrasse suas perguntas. Durante esse período, o líder do governo foi questionado sobre a negociação das vacinas Covaxin e CanSino, sobre a emenda apresentada por ele que tornou viável a compra do imunizante indiano e a relação com o empresário Francisco Maximiano. Barros negou ter apresentado a emenda para favorecer a Covaxin e disse não ter “relação pessoal” com Maximiano, empresário que intermediou o contrato do Ministério da Saúde para a compra da Covaxin. Ele afirmou ter encontrado o empresário apenas uma vez, quando era ministro da Saúde.

 “Não fiz emenda para a Covaxin. Eu não aceito o que o senhor está afirmando. É mentira”, declarou Barros ao vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O líder do governo também disse não ter participado de nenhuma reunião com a empresa Belcher Farmacêutica para tratar do imunizante. A Belcher é ex-representante da CanSino. Afirmou, porém, que pode ter “buscado auxiliar” a empresa e “todos” os que o procuraram. O deputado confirmou que é amigo de um dos sócios da Belcher, Daniel Moleirinho Feio Ribeiro, e de seu pai, Francisco Feio Ribeiro Filho. 

A Belcher, que tem sede em Maringá (PR), reduto eleitoral de Barros, e o Instituto Vital Brazil foram descredenciados pela CanSino para atuar como representantes do laboratório em junho. Com o fim da parceria, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) encerrou o pedido de uso emergencial da vacina. 

Aos senadores, o líder do governo também disse “lamentar” o fato de o Brasil não ter comprado vacinas com contratos na mira da CPI: Covaxin, Sputnik V e CanSino. “A CanSino descredenciou o representante no Brasil e não colocou outro lugar”, disse. “Mostra que não tem mais interesse em vender para o Brasil.”

 O ataque à CPI provocou críticas imediatas dos parlamentares. “Isso não é verdade”, frisou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). “Aí, não dá”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE). Aziz decidiu, então, suspender a reunião e avisou ao líder do governo que ele voltaria à comissão como convocado.