Título: Mercado ignora decisão com FMI
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 29/03/2005, Economia & Negócios, p. A19

Cenário externo preocupa analistas

Folhapress

A preocupação com a alta dos juros nos EUA voltou a desanimar os investidores, ofuscando uma reação otimista ao anúncio de que o governo Lula não vai mais renovar o acordo com o Fundo Monetário Internacional. A Bovespa fechou em queda de 1,66% e com um giro fraco de negócios, de R$ 1 bilhão. O risco Brasil chegou a subir mais de 2% e atingir 485 pontos -nível mais alto desde outubro passado.

Só o mercado de câmbio reagiu de forma positiva ao anúncio feito pelo ministro Antonio Palocci (Fazenda). O dólar caiu 0,23%, cotado a R$ 2,723. O real também voltou a se valorizar diante da moeda americana, por causa da entrada de recursos e da ausência dos leilões do Banco Central.

-Dispensar o acordo com o FMI foi um sinal positivo emitido pelo Brasil, pois mostrou que nossas finanças estão em ordem, as reservas em moeda estrangeira aumentaram para enfrentar uma possível crise externa. É como se o país tivesse conseguido, finalmente, sua carta de alforria- disse Manoel Alves, operador da corretora paulista Guitta.

Na sua opinião, mesmo sem um novo acordo, o FMI deve continuar monitorando informalmente as contas do Brasil, dando recomendações sobre os rumos da política econômica. Em relatório divulgado na sexta-feira, o Fundo já avisava que o Brasil precisava manter a inflação sob controle.

Além disso, o governo brasileiro se comprometeu com o aperto fiscal, ou seja, vai continuar com a política de obter superávit primário (economia de recursos para pagar juros), uma das exigências dos credores do país.