Título: Começa distribuição de remédios
Autor: Vivian Rangel
Fonte: Jornal do Brasil, 26/03/2005, Rio, p. A14

Ministério da Saúde distribui 20 toneladas de medicamentos pelos hospitais sob intervenção e de campanha

O Ministério da Saúde começou ontem a distribuição das cerca de 20 toneladas de medicamentos para os seis hospitais sob intervenção federal e os dois hospitais de campanha - um deles, o do Campo de Santana, ficou pronto ontem mesmo e será ativado na segunda-feira. Os remédios, que custaram R$ 5 milhões, devem ser suficientes para regularizar o abastecimento de medicamentos como analgésicos, antitérmicos e antineoplásicos (usados para tratamento de tumores) durante um mês. Além dos medicamentos, foram gastos R$ 2 milhões com a compra e aluguel de equipamentos hospitalares.

Segundo Arthur Chioro, diretor do Departamento de Atendimento Especial à Saúde, os medicamentos fazem parte do projeto emergencial do ministério, que complementa ações como a do censo diário.

- O Hospital do Andaraí não tinha nem mesmo uma relação de entrada e saída de pacientes, número de leitos ou de falecimentos. Por enquanto, o ministério está implementando medidas em caráter de urgência, até porque não sabemos quanto tempo a intervenção vai durar - afirmou o interventor.

A compra e a distribuição dos medicamentos foi coordenada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os medicamentos abastecerão os hospitais da Lagoa, Souza Aguiar, Andaraí, Ipanema, Miguel Couto e Cardoso Fontes e devem ser suficientes para suprir a demanda de aproximadamente 30 dias.

- A compra foi feita depois de uma pesquisa entre mais de 40 fabricantes, o que garantiu uma economia de cerca de 20% do valor de tabela dos medicamentos. Isso representa quase R$ 1 milhão a menos do que o previsto. Na segunda-feira, este relatório será finalmente apresentado e divulgaremos a lista completa de medicamentos e preços, o que com certeza surpreenderá os profissionais da área - prometeu o coordenador da intervenção, Sergio Côrtes.

O hospital do Andaraí foi o primeiro a receber os remédios. A maior parte do lote era formado por antibióticos, soro, analgésicos, anti-hipertensivos, quimioterápicos e oncológicos. A ausência de estrutura surpreendeu os especialistas.

- O hospital estava quase que totalmente sem abastecimento de medicamentos básicos. A situação era ainda mais grave porque o Andaraí recebe muitos atendimentos externos - explicou Ana Shinaider, responsável por coordenar a intervenção federal no Hospital do Andaraí.

Complemento:

Mais R$ 2 milhões em equipamentos

Além da compra emergencial de medicamentos, o Ministério da Saúde gastou quase R$ 2 milhões em equipamentos hospitalares e deu início ao processo de licitação que garantirá o abastecimento dos hospitais por cinco meses.

- Os hospitais do Andaraí, Cardoso Fontes, Souza Aguiar e Miguel Couto estão recebendo equipamentos como respiradores e monitores. Os aparelhos desses hospitais estavam quebrados ou não existiam, por isso, tivemos que alugar em caráter de emergência alguns deles e compramos outros, que devem chegar em no máximo 60 dias - afirmou Arthur Chioro, diretor do Departamento de Atendimento Especial à Saúde.

Chioro disse também que, na próxima terça-feira, o Ministério contratará 60 maqueiros. Mesmo com os medicamentos e com os mutirões e novos profissionais, o carioca deve se preparar para as filas.

- A prefeitura deixou de investir, desde 2002, os R$ 6 milhões anuais liberados pelo Ministério da Saúde apenas para cirurgias de baixa complexidade. A defasagem de atendimento é muito grande. A rede básica precisa ser reestruturada - afirmou.

Desde o primeiro dia de intervenção, segundo Chioro, todas as unidades dos hospitais assumidos estão em funcionamento, 258 novos leitos foram abertos, incluindo 14 militares, e um novo padrão de atendimento começa a ser implantado. Dessa forma, os hospitais poderão prover atendimento eficiente até mesmo com o aumento esperado de pacientes na rede ambulatorial, que deve chegar a 3 mil consultas diárias.

- Estamos humanizando as consultas e estabelecendo a triagem por risco. Os pacientes que correm risco de morte devem ter prioridade e, para isto, pedimos a compreensão da população - explicou o diretor.

No fim da tarde de ontem estava previsto o fim da montagem do Hospital de Campanha do Campo de Santana. Na próxima segunda começam a trabalhar 80 médicos e 120 fuzileiros divididos em dois turnos. A expectativa é realizar cerca de 400 atendimentos por dia, em 11 tendas que vão abrigar ambulatórios de quatro especialidades.