Correio Braziliense, n. 20609, 26/10/2019. Brasil, p. 5

Óleo vem de três campos

Maria Eduarda Cardim 
Ingrid Soares 

Estudos técnicos realizados pela Petrobras sobre a origem do petróleo que contamina mais de 2,5 mil quilômetros do litoral do Nordeste confirmam não apenas que o produto teria origem na Venezuela, mas de quais campos o material foi retirado. A informação foi repassada à Marinha e aponta que a borra de petróleo tem origem em três campos específicos de exploração no país vizinho. A constatação foi possível após a Petrobras comparar a composição química do material recolhido nas praias com centenas de amostras de petróleo de todo o mundo que a empresa mantém em um centro de pesquisas na Ilha do Fundão, no Rio.

“Quando a gente fez a análise em mais de 30 amostras, concluiu que era de três campos venezuelanos, é um blend (mistura). A origem do petróleo é lá. A origem do vazamento é outra coisa, que a gente entende que é na costa brasileira”, disse o diretor de Assuntos Corporativos da Petrobras, Eberaldo de Almeida Neto. Estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indicou que o derramamento pode ter ocorrido a pelo menos 600 km da costa.

Isso não significa, portanto, que a Venezuela tenha responsabilidade direta sobre o derramamento do óleo, já que o material pode ter sido embarcado em navio de qualquer origem, até mesmo em embarcações ilegais. A hipótese de que o piche seja resultado de operação criminosa de um “navio fantasma” é, para a Marinha, uma das mais prováveis atualmente porque, segundo avaliações técnicas que já realizou, o produto que contamina as praias brasileiras não é comprado por nenhum outro país do mundo

Para Almeida Neto, o trabalho de buscar a origem do material para evitar que chegue às praias do Nordeste, como vem acontecendo desde o início de setembro, “é (como procurar) uma agulha no palheiro”.

Após fazer o cruzamento de uma série de dados, a Marinha enviou questionamentos técnicos formais a 30 embarcações que têm origem em 11 países. Todas passaram pela região no período investigado e possuem registros na Organização Marítima Internacional. As respostas ainda são aguardadas.

Linha de crédito

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, anunciou ontem que R$ 200 milhões em linhas de crédito serão liberados para ajudar pequenos empreendimentos turísticos afetados pelo vazamento. O anúncio foi feito durante uma visita a Porto de Galinhas (PE). A ajuda serve para fortalecer o setor das áreas atingidas e os microempreendedores a superar uma eventual retração nos negócios.

De acordo com o Ministério do Turismo, os recursos vêm do Fundo Geral do Turismo (Fungetur) e as condições para pagamento do empréstimo serão diferenciadas, no que se refere a prazos e juros. O edital para credenciar novos agentes financeiros será publicado nos próximos dias. O Fungetur é operado no Nordeste pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Estado de Sergipe (Banese).

“Estamos aqui para somar esforços diante desse momento difícil. O turismo é um setor que envolve emprego e renda para a população, talvez mais simples. Todos nós estamos em um esforço concentrado para que a economia dos estados e da União não sejam impactadas”.

De acordo com o Ministério do Turismo, os recursos vêm do Fundo Geral do Turismo (Fungetur) e as condições para pagamento do empréstimo serão diferenciadas, no que se refere a prazos e o juros. O edital para credenciar novos agentes financeiros será publicado nos próximos dias. O Fungetur é operado no Nordeste pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Estado de Sergipe (Banese).

“Estamos aqui para somar esforços diante desse momento difícil. O turismo é um setor que envolve emprego e renda para a população, talvez mais simples. Todos nós estamos em um esforço concentrado para que a economia dos estados e da União não sejam impactadas”.

R$ 200 milhões

é quanto será liberado em linha de crédito para ajudar pequenos empreendimentos turísticos afetados pelo vazamento