Título: Presidente reage a vaias de estudantes em São Paulo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 01/04/2005, País, p. A2
''Se alguns reivindicam, criticam, o papel do governo é fazer o que não foi feito'', diz
Folhapress
SÃO CARLOS - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado ontem por cerca de 200 universitários durante um evento que marcou o início da construção de um hospital-escola no município de São Carlos, interior de São Paulo. Irritado com os manifestantes contrários à reforma universitária, que vaiaram ou repetiram gritos de protestos na maior parte dos sete minutos de seu discurso, Lula reagiu. Primeiro disse que ''parte da sociedade que lê um pouco mais e que, portanto, deve ser bem informada'' sabe da importância para o município de se ter uma universidade federal. Depois, ao perceber que os manifestantes não cediam, disse que, ''se alguns reivindicam, se outros criticam, o papel do governo é fazer aquilo que não foi feito''. Em tom duro e em voz alta, Lula afirmou que o Brasil está crescendo e vai crescer ainda mais sob seu governo. À fala do presidente, os estudantes gritaram ''mentira''.
No início do ato, Lula colocou luvas brancas, empurrou um carrinho de mão carregado de cimento e jogou seis pás de cimento onde será construído o primeiro pilar do hospital. Ao colocar a luva na mão esquerda, o presidente brincou com o fato de não ter um dedo, perdido em acidente de trabalho quando era metalúrgico. ''Tá faltando um dedo'', disse.
Além do ministro da Saúde, o presidente foi acompanhado na viagem pelos ministros José Dirceu (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Trabalho), Márcio Fortes (interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e José Félix (Segurança Institucional). No palanque, Lula conversou com vários ministros, menos com Dirceu, que ficou afastado.
Depois da obra, Lula visitou a indústria Tecumseh do Brasil. Num discurso de 15 minutos só aos funcionários, o presidente falou sobre o crescimento das exportações. Disse que em maio irá ao Japão, onde tentará convencer o país a comprar carne brasileira.
Em Araraquara (SP), cidade para onde se dirigiu após a visita à empresa em São Carlos, dois anos depois de ter sido eleito com um discurso de geração de empregos, o presidente Lula reconhece que o governo não tem o poder de criar empregos, mas sim de gerar situações para que eles surjam.
- Em dois anos, criamos mais empregos do que os últimos dez anos. Desde que foi criado o Caged, nunca se criou essa quantidade de empregos. Emprego com carteira assinada. Lógico que gostaríamos de criar mais, mas a gente não tem o poder de criar. Nós temos o poder de incentivar que as coisas aconteçam - disse.
A declaração do presidente foi dada em Araraquara durante discurso dirigido a metalúrgicos e empresários na inauguração de uma empresa de software.
Na região dominada pelo agronegócio, Lula aproveitou para ressaltar a importância do biodiesel na criação de vagas.
O presidente voltou a criticar os pessimistas:
- Eu levanto todo santo dia acreditando que não tem como esse país retroceder.