Título: Ritual pós morte é detalhado
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 01/04/2005, Internacional, p. A12

No momento em que João Paulo II parece enfrentar a última fase do seu papado, discretamente começam a ser preparados os rituais fúnebres. Quando um papa morre, o Vaticano segue um ritual específico: o cardeal Camerlengo (atualmente Eduardo Martinez Somalo) deve atestar a morte, tradicionalmente chamando o Sumo Pontífice por três vezes pelo nome. Não havendo resposta, então autoriza a emissão do atestado de óbito e torna o evento público pela notificação ao cardeal da Diocese de Roma (hoje Camillo Ruini). Feito isso, o camerlengo lacra os aposentos papais. Em seguida ordena que tanto o anel do Sumo Pontífice (o Anel do Pescador) e o selo papal sejam quebrados e dá início aos preparativos para os funerais, ou novemdieles, os nove dias de velório.

Durante esse período, o interregnum, é o Camerlengo o responsável pela condução da Igreja e será o responsável pelo enterro, além de dirigir a eleição do novo papa. É assistido por três cardeais, eleitos a cada três dias. Todos os chefes de diocese têm seus poderes suspensos, com exceção, além do Camerlengo, do cardeal de Roma, do prefeito do Vaticano (cardeal William Baum), o cardeal arcebispo da Basílica de São Pedro e o Vigário-geral da Cidade do Vaticano (ambos os cargos estão em mãos do cardeal Virgilio Noe).

Depois de 15 a 20 dias de reunião da Congregação Geral com sermões de seus titulares e do luto pelo Santo Padre após o funeral, os cardeais então para escolher quem será o sucessor do papa falecido. Começa, então, a segunda parte da transição histórica no Vaticano, um titual tão secreto que qualquer vazamento de informação valerá ao responsável a excomunhão automática.