Correio Braziliense n. 20607, 24/10/2019. Brasil, p. 7

Ato do Greenpeace acaba em prisões

Ingrid Soares
Catarina Loiola


Dezessete ativistas do grupo ambiental Greenpeace foram detidos, ontem, após realizar um protesto, em frente ao Palácio do Planalto, contra o governo federal por causa do vazamento de óleo que atinge o litoral do Nordeste. Vestidos de preto, usaram uma mistura de água, corante e amido de milho para simular o petróleo cru que já atingiu mais de 190 praias. A manifestação utilizou animais de pelúcia cobertos de óleo fictício, imitação de barris de petróleo, tocos de árvores e uma réplica de motosserra.

Os manifestantes levantaram faixas contra a política ambiental do governo federal. Os cartazes continham frases como "Um governo contra o meio ambiente", "Brasil manchado de óleo" e "Pátria queimada, Brasil". A manifestação, que começou por volta das 8h, logo após o hasteamento da bandeira, ocupou duas faixas em frente ao Planalto.

O porta-voz de clima e energia do Greenpeace do Brasil, Thiago Almeida, disse que a demora do governo em agir é inaceitável.

“Bolsonaro viajou para o exterior enquanto o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tenta mascarar a sua inação jogando a responsabilidade para a população e para as organizações não governamentais”.

Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal disse que o motivo da prisão dos manifestantes foi por suspeita de “atividades nocivas ao meio ambiente”.

Antes de embarcar para o Peru, o presidente em exercício Hamillton Mourão comentou brevemente sobre a manifestação. “Vou convidar o Greenpeace a recolher o óleo em vez de jogar aqui. Democracia é isso aí”. O Palácio do Planalto não quis comentar o episódio.

* Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

Detentos ajudam a limpar as praias

O óleo que atinge o Nordeste chegou à Praia Barra de Jangada, onde está a foz do Rio Jaboatão, em Jaboatão dos Guararapes, cidade vizinha ao Recife (PE). Funcionários da prefeitura, da Marinha, do Exército e 50 presos em regime semiaberto atuam na praia. Inicialmente, o grupo de presidiários iria para Cabo de Santo Agostinho, onde está grande parte do óleo, mas foram remanejados após a divulgação da nova mancha. “Não imaginava que estava nessa situação”, comentou o apenado Paulo Henrique da Silva, de 21 anos. “Estamos separando o óleo com as luvas. Alguns, temos mais sorte, outros são mais difíceis de tirar. Estou achando legal poder ajudar”.